Diante de um cenário retraído de demanda por aço, que atinge toda a indústria siderúrgica no mundo há vários anos, as empresas buscam ganhos de custos para melhorar competitividade e rentabilidade. A divisão de aços longos da ArcelorMittal no Brasil também segue esse caminho.
Jefferson de Paula, principal executivo (CEO) da ArcelorMittal Aços Longos nas Américas, disse que atingiu, no Brasil, ao fim do primeiro semestre, uma margem de 25% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). "A meta, traçada dois anos atrás, era para ser alcançada no fim do ano. Conseguimos antecipar, com um programa de redução de custos em várias áreas de atuação, visando aumento da competitividade do negócio".
Segundo o executivo, a empresa saiu de uma margem Ebitda de 16% e já havia chegado a 22% ao fim de março. Esse plano, em âmbito global, para melhorias operacionais das usinas de aço e produtos acabados no país, previa redução de US$ 100 milhões no período, informou De Paula.
No Brasil, a ArcelorMittal opera usinas de aços longos em João Monlevade e Juiz de Fora (Minas Gerais), Cariacica (ES) e Piracicaba (SP), com capacidade instalada de 3,9 milhões de toneladas de aço bruto/ano. Além disso, o grupo atua com várias unidades de produtos acabados, de distribuição e centros de serviços.
Essa divisão compõe a ArcelorMittal Brasil, que teve receita líquida de R$ 15,7 bilhões no ano passado - recuo de 9% perante os R$ 17,3 bilhões de 2011. A unidade Brasil Aços Longos, que incluiu até maio do ano passado o controle da argentina Acindar, obteve aumento de 0,5% nas vendas, para 3,48 milhões de toneladas (somando produtos trefilados). Gerou Ebitda de R$ 1,53 bilhão, 1,4% abaixo do valor do ano anterior. Mesmo tendo sido beneficiada por maior dinamismo do setor da construção civil, enfrentou retração de demanda no mercado industrial.
Para este ano, De Paula prevê alcançar uma geração de Ebitda no país na casa de US$ 1 bilhão no negócio de aços longos (ao câmbio atual seria de R$ 2,3 bilhões). O executivo estima vendas entre 3 milhões de 3,2 milhões de toneladas no ano (não inclui trefilados), com crescimento na faixa de 1,5% a 2% frente ao volume de 2012.
A empresa e suas concorrentes Gerdau, Votorantim Siderurgia e Sinobras enfrentam um mercado doméstico morno no ano. O setor previa crescer 4%, mas já trabalha com a perspectiva de apenas 1,8%. "Os lançamentos de edifícios residenciais, comerciais e de escritórios caíram e os planos de obras na área de infraestrutura não aconteceram como o previsto", disse De Paula. Já o mercado industrial mostrou leve melhora, principalmente no setor automotivo (caminhões, ônibus e veículos leves).
O executivo disse que o foco da área de aços longos é continuar com agregação de valor aos seus produtos, tanto para o mercado doméstico - principal destino da produção - quanto para exportação, que vem perdendo espaço. "Esse plano envolveu forte redução de custos aliada a uma ampla mudança na organização, que a deixou mais enxuta", afirmou.
No momento, a empresa começa a traçar nova meta, a ser lançada no início de setembro, para ser cumprida até o fim de 2014, informou De Paula. Ele evitou revelar o valor a ser obtido, mas disse que "serão novamente metas ousadas".
O grupo ArcelorMittal, líder mundial na produção de aços planos e longos comuns, tem no Brasil uma das suas mais rentáveis bases de produção. Globalmente, vem amargando resultados negativos nos últimos trimestres.
A divisão de Aços Longos Brasil remodelou seu plano de investimento em João Monlevade, com um projeto mais modesto. Vai investir R$ 352 milhões no aumento de produção, com laminadora de 1 milhão de toneladas ao ano, e de aço bruto (em Juiz de Fora e Cariacica) em quase 500 mil toneladas. O plano previa de 1,1 milhão de toneladas de aço em Monlevade.
"Mantemos o otimismo moderado no país e nos negócios, mas vamos acompanhar a evolução do mercado", disse De Paula. As obras começaram em julho e devem ficar prontas no fim de 2014. A empresa projeta operar com 500 mil toneladas de produção em 2015 e atingir plena capacidade de laminados em 2016.
Se o mercado crescer até lá, a empresa vai retomar o projeto original, que demanda aportes adicionais de US$ 630 milhões em alto-forno e aciaria. "Enquanto isso, vamos trabalhar mais para melhorar nossa rentabilidade", disse.
Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro | De São Paulo
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