A safra de soja 2018/19 do Brasil, em fase de colheita, deve totalizar 113,45 milhões de toneladas, projetou nesta terça-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em mais um corte nas suas expectativas, após estimar 115,34 milhões de toneladas no início de fevereiro.
O tempo quente e seco entre dezembro e janeiro nas principais áreas produtoras do país, sobretudo no Paraná e em Mato Grosso do Sul, prejudicou o ciclo deste ano. Antes do impacto climático, a Conab chegou a estimar uma produção recorde de 120 milhões de toneladas de soja na temporada vigente.
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Com o efeito do clima, a safra de soja do Brasil, que responde por quase metade da produção de grãos do país, deverá cair cerca de 5 por cento na comparação com o recorde da temporada passada, segundo os números da Conab, que destacou que a produção da oleaginosa na temporada atual ainda será a terceira maior da série histórica.
“Nesta safra, a estimativa é de redução na produtividade, ocasionada por adversidades climáticas severas em alguns Estados, como Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná, quando comparada à excelente produtividade da safra passada”, comentou a Conab.
O órgão do governo informou ainda que os embarques de soja pelo Brasil, o maior exportador mundial da oleaginosa, devem alcançar 70 milhões de toneladas em 2018/19, ante 71,5 milhões de toneladas na previsão passada. Isso representaria uma queda de 13,6 milhões de toneladas frente ao recorde de 2017/18.
A melhora climática em fevereiro, com mais chuvas em várias regiões, aliviou os problemas para a safra, destacou a consultoria privada AgRural nesta terça-feira.
A AgRural, embora aponte um número inferior ao da Conab, elevou sua projeção para a safra a 112,9 milhões de toneladas de soja, versus 112,5 milhões no mês anterior.
“A melhora das condições climáticas em fevereiro, que favoreceu áreas mais tardias, levou a ajustes positivos na produtividade média de Goiás, Bahia, Santa Catarina e Rondônia. Paraná, São Paulo e Pará, em contrapartida, tiveram pequenos ajustes para baixo na atual revisão”, disse a AgRural em nota.
RECORDE DE MILHO
Quanto ao milho, a Conab aposta em uma produção total de 92,80 milhões de toneladas, ante 91,65 milhões no boletim de fevereiro. Do total, 66,59 milhões de toneladas devem ser do cereal de segunda safra, ante previsão anterior de 65,19 milhões e 23,6 por cento acima na comparação com 2017/18.
“Esse resultado é reflexo da maior área”, afirmou o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Cleverton Santana, em nota.
“Com 80 por cento dos grãos já plantados, os agricultores devem destinar 12 milhões de hectares para plantio (de milho segunda safra), ao invés dos 11,5 milhões de hectares da safra passada.”
O aumento esperado na segunda safra de milho deste ano ainda leva em conta os problemas climáticos de 2018.
Com uma maior produção, a Conab manteve a expectativa de recuperação nas exportações do cereal, para 31 milhões de toneladas, o que seria um recorde.
Na temporada passada, com a safra quebrada, os embarques somaram 24,7 milhões de toneladas.
Embora a exportação possa atingir uma máxima histórica, a produção brasileira não será recorde, ainda ficando atrás da registrada em 2016/17, quando somou 97,8 milhões de toneladas.
Segundo a Conab, a safra total de grãos e oleaginosas do Brasil deve alcançar 233,28 milhões de toneladas em 2018/19, ante 234,12 milhões na estimativa anterior.
Apesar da redução na estimativa, a safra total ainda será maior que a verificada no ciclo anterior (227,7 milhões), principalmente em função da forte recuperação nas lavouras de milho, cuja produção total somou 80,7 milhões de toneladas em 2017/18.
Fonte: Reuters