A aquisição do Porto São Luís viabiliza a entrada da Cosan em um novo segmento em condições competitivas, afirmou o presidente do grupo, Luis Henrique Guimarães, ao comentar o anúncio feito ontem, da aquisição do porto e do lançamento de um negócio de mineração, em parceria com o grupo Paulo Brito - a JV Mineração.
O acordo envolve a aquisição de 49% do porto de São Luís, que pertenciam à WPR, empresa de infraestrutura do grupo WTorre, e à Lyon Capital, fundada por Paulo Remy. O grupo fez proposta vinculativa para ficar com 100% do negócio, avaliado em R$ 720 milhões. O porto é controlado pelo grupo chinês CCCC [China Communications Construction].
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“Anunciamos a compra dos minoritários e a partir daí teremos a discussão com a CCCC. Eles voltarão para gente, uma vez que assinaram a carta proposta. Eles também serão nossos provedores do EPC [Engenharia, Gestão de Compras e Construção]. Estamos discutindo os termos do EPC”, afirmou o diretor financeiro, Marcelo Martins.
Martins disse que o financiamento para o projeto da JV Mineração e do Porto São Luís não será um problema. “Temos um tempo razoável para solucionar a equação do ‘funding’. Já começamos a contemplar cenário de captação, e não vai ser desafio”, contou, em teleconferência. “O que é importante é que temos uma disciplina financeira permanente. Traremos outros investidores financeiros se for necessário ou, talvez, mesmo que tenhamos 100% dos recursos.”
Potencial
A JV Mineração já identificou um potencial de 2 a 3 bilhões de toneladas de recursos minerais em seu projeto mineral próximo a Paraupebas (PA), na região de Carajás.
“Já fizemos quase 50 mil metros quadrados de sondagens [na região] e pretendemos, no próximo um ano, fazer mais 80 mil metros de sondagens. Podemos afirmar com certeza que temos de 2 a 3 bilhões de recursos minerais para poder transformar em minas. Com a sondagem, esperamos que esse número cresça razoavelmente. É difícil falar quanto, porque geologia não é uma ciência tão exata”, afirmou Juarez Saliba, presidente da empresa.
Em relação à capacidade de movimentação do porto, o executivo afirma que há flexibilidade para ir “bem além de 50 milhões de capacidade por ano”.
O início da produção deverá começar só a partir de 2025 ou 2026. “Nossa meta é começar com produção de 10 milhões de toneladas por ano em 2025 e 2026. E, posteriormente, diversos outros projetos vão ser desenvolvidos. Até o final da década, esperamos um tamanho de produção significativo”, disse ele.
Saliba também destacou que o objetivo é trabalhar com nichos de mercado que paguem prêmios elevados, “assim como Vale faz hoje”, disse.
Fundo para novos projetos
O grupo Cosan escolheu uma estrutura de fundo de investimentos para controlar os novos projetos, com objetivo de ter maior flexibilidade e agilidade na entrada e saída de novos negócios, explicou o presidente, Luis Henrique Guimarães. A empresa criou um braço de investimentos que irá abrigar negócios.
“A ideia do fundo tem a ver com perfil do investimento. Tem a capacidade de ser mais ágil para atrair investidor financeiro, e com uma saída mais líquida. Também dá flexibilidade para definir o ‘timing’ de listagem”, afirmou o executivo.
Os negócios que virão nesse guarda-chuva têm um horizonte de prazo mais curto do que os ativos do porfólio permanente da Cosan — Rumo, Raízen, Compass e Moove. Ou seja, têm maior flexibilidade para entrada de novos sócios ou para um desinvestimento.
“Vai ficar muito claro para o mercado que seja portfolio para ser investidos e desinvestido, em prazo diferente do portfólio permanente
A expectativa da Cosan é que venham novos investimentos e negócios dentro dessa estrutura de fundo.
Os executivos destacam que não se trata de uma atuação de sócio passivo ou puramente financeiro, e que a ideia é que a Cosan entre sempre agregando diferenciais aos novos projetos que surgirem.
“Não vamos fugir do fato de que a Cosan é um operador de infraestrutura, logística, portuário, essa é nossa vocação. Nossa ideia é alavancar competências em cima dos projetos”, disse o diretor financeiro, Marcelo Martins. “Acho difícil que a gente faça coisas sem sócio. Temos hoje capacidade de atrair sócios financeiros. Temos disciplina financeira grande, nossas metas de alavancagem não mudam”, completou.
Fonte: Valor