SÃO PAULO - A tese de integração da indústria nacional a cadeias globais de valor precisa ser analisada caso a caso e não existe um modelo válido para todos os setores da indústria, afirmou nesta sexta-feira o presidente do BNDES, Luciano Coutinho durante seminário promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica (Sobeet), em São Paulo.
Segundo o presidente do BNDES, um ponto em comum para reconstruir cadeias que começaram a surgir ao longo dos anos 90 e já foram esvaziadas seria “um fortíssimo viés pró-exportação” nas políticas industriais de desenvolvimento. “A exportação precisa ser um componente estrutural da política industrial”, disse. “Não podemos confiar só nas exportações de commodities porque os preços já não estão ajudando”.
Em sua visão, elevar as exportações seria um “imperativo macroeconômico”, porque o Brasil possui um déficit em conta corrente muito alto. Uma das maneiras de reduzi-lo seria por meio do incremento das vendas externas da indústria, afirmou Coutinho. Além disso, acrescentou que o país tem uma dependência maior de poupança interna, e uma das maneiras de aumentar a poupança nacional seria por meio da expansão da geração de divisas. “O déficit comercial tira PIB e subtrai poupança”, comentou, “então nós precisamos ter mais”.
Para Coutinho, as exportações são fundamentais porque, do ponto de vista empresarial, significam hedge de mercado, hedge de moeda, hedge tecnológico e economia de escala. Em sua avaliação, outros pontos em comum necessários para que as cadeias industriais brasileiras tenham uma conexão global mais efetiva são a desoneração tributária das exportações, a desoneração da operação internacional das empresas, a correção de regimes tributários que ajudam na exportação, a desburocratização, a redução dos custos de matérias-primas, uma política comercial mais pró-ativa e apoio a investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), entre outros.
O economista ainda lembrou que o peso crescente de serviços pré e pós-manufatura, como desenho industrial e marketing, é outro fator que está presente de forma geral nas indústrias que conseguem se conectar às cadeias globais de valor.
Fonte: Valor Econômico/Arícia Martins | Valor
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