SÃO PAULO - No início da teleconferência com investidores e analistas para comentar o resultado do primeiro trimestre, Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, revelou que fará o terceiro reajuste nos preços de seus produtos siderúrgicos desde o começo do ano.
Segundo o executivo, em junho já passa a valer um aumento de 10% para os aços planos. Em abril e em maio, a empresa já havia reajustado os preços em ordem de grandeza semelhante. A medida vale inicialmente para a rede de distribuição, mas logo deve ser implantada para os clientes industriais.
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Nos cálculos de Luis Fernando Martinez, diretor comercial da siderúrgica, ainda há um desconto de 5% a 10% no valor dos produtos nacionais, ante o importado.
“Considerando o custo de importação, de nacionalização desse aço, a US$ 440 por tonelada, mais ou menos, ainda há o prêmio negativo”, afirmou o executivo. “Isso facilita um novo aumento em junho, já considerando que o mercado chinês caia ainda mais um pouco. Vamos tentar recompor um pouco as margens. Não vejo nenhum problema em implantar esse novo preço em junho.”
No Brasil, a bobina é vendida atualmente a níveis próximos a US$ 500 a tonelada. Outras empresas concorrentes da CSN, como a Usiminas, já haviam comentado que há espaço para um terceiro reajuste no ano.
O diretor comercial ainda lembrou que a meta de vender mais aço no exterior do que no mercado interno permanece. Oficialmente, essa proporção é aguardada em 40% das 5,5 milhões de toneladas previstas para serem comercializadas em 2016 destinadas ao mercado interno, mas Martinez vê maior possibilidade de que o patamar chegue a 45%.
Ele acrescentou também que os próximos trimestres podem trazer grande redução nos estoques de produtos acabados. Já no segundo trimestre, o aguardado é algo em torno de 400 mil toneladas, sendo cortada para menos de 250 mil toneladas a partir de então.
Parte desse aço foi enviada para as subsidiárias no exterior. Com a melhora do mercado internacional, a CSN quer comercializar mais produtos de alto valor agregado fora do Brasil. O objetivo nos Estados Unidos, por exemplo, é conseguir alcançar aproximadamente proporção de 78% só em zincados. Folhas metálicas serão o próximo produto a conquistar mercado na América Latina e nos EUA, disse Martinez.
Investimentos
Diante de um cenário de desaceleração da economia do país, aperto nos gastos e de pressão da alavancagem financeira, a CSN decidiu enxugar ainda mais seu plano de investimento previsto para este ano. De acordo com Steinbruch, principal acionista da companhia, o montante para este ano deve ficar em torno de R$ 1,2 bilhão, ou um pouco menos. No ano passado, foram investidos R$ 2,2 bilhões.
“A previsão anterior era de R$ 1,5 bilhão e depois baixamos para R$ 1,3 bilhão, mas deve ficar abaixo disso — cerca de R$ 1,2 bilhão”, afirmou o empresário.
A área de cimento, que está em fase final de expansão, para 4,3 milhões de toneladas, com a instalação de um forno em Arcos (MG), deverá ficar com mais de 42% do total, aproximadamente US$ 500 milhões. O restante será dividido entre as áreas siderúrgica, com 36%, mineração de ferro, 19%, e logística, com 3%.
Venda de ativos
Dentre as medidas tomadas pela CSN para tentar conter seu endividamento e aumentar os recursos em caixa, uma das mais esperadas pelo mercado é a venda de ativos. Até agora, contudo, a empresa não conseguiu fechar nenhum contrato. Na visão de Steinbruch, será possível anunciar até junho uma transação do tipo para levantar dinheiro. “Vamos ver se de fato conseguimos fechar essa venda. Perspectiva para o segundo trimestre é boa, depois de, no primeiro trimestre, ter me decepcionado um pouco”, disse.
Os negócios disponíveis para alienação são a Metalic, produtora de latas de aço cearense; o Sepetiba Tecon, terminal de movimentação de contêineres no Rio de Janeiro; a participação excedente na MRS Logística, além do necessário para participar do controle; as ações da concorrente Usiminas; e as fatias em usinas hidrelétricas. Durante a teleconferência, porém, o empresário não quis revelar qual seria o primeiro ativo a ser vendido.
Fonte: Valor Econômico/Por Renato Rostás e Ivo Ribeiro