A Vale encerrou o primeiro trimestre com lucro de R$ 6,2 bilhões, queda de 7,6% em relação a um ano antes. Mas, apesar do recuo na última linha do balanço, os resultados ficaram acima da expectativa do mercado. O ganho foi 19,2% superior à média das projeções de oito casas de análise compiladas pelo Valor. A receita cresceu 6,5%, para R$ 22,3 bilhões.
A surpresa positiva ficou por conta dos ganhos de rentabilidade. Em meio ao cenário de volatilidade nos preços do minério de ferro, as iniciativas da companhia para melhorar a eficiência operacional surtiram efeito neste começo de ano. Os custos cresceram 4,8%, abaixo do avanço de 6,5% da receita, levando a um ganho de 0,9 ponto percentual na margem bruta da mineradora.
Além disso, as despesas operacionais caíram 21,4%, para R$ 2 bilhões. Com isso, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) subiu 17,4% em relação aos três primeiros meses de 2012, somando R$ 10,7 milhões.
A queda na última linha do balanço em relação ao primeiro trimestre de 2012 ocorreu por conta do maior peso das despesas financeiras e principalmente pelo aumento do recolhimento de Imposto de Renda. A fatia paga ao Leão passou de R$ 926 milhões no primeiro trimestre de 2012 para R$ 1,86 bilhão neste ano, tirando quase R$ 1 bilhão do balanço na comparação anual.
O diretor executivo de finanças e relações com investidores da companhia, Luciano Siani, destacou, em vídeo postado na internet sobre o balanço, a importância do corte de custos e despesas para que a companhia alcançasse um resultado operacional positivo no período. "Se comparado ao mesmo período do ano passado, extraímos US$ 900 milhões de custos da companhia e comparado ao quarto trimestre, US$ 2,5 bilhões", disse o executivo.
De acordo com a administração da Vale, a estrutura mais enxuta de custos ocorreu pela otimização das operações, com maior número de projetos e investimento, o que permitiu a racionalização das atividades. No relatório que acompanha o balanço, a direção afirma que está realizando uma peneira nos contatos com prestadores de serviços e desenvolvendo novos fornecedores e que a abertura de novas unidades de mineração, em substituição às mais antigas, deve resultar em mais economia ao longo do ano.
"Apesar do progresso alcançado, ainda há um longo caminho na reformulação de nossa estrutura de custos para que seja capaz de criar valor ao acionista através dos ciclos, atenuando a influência da volatilidade dos preços", ressaltou a companhia.
Outro fator que impulsionou os resultados da Vale no começo do ano foi a recuperação do setor de metais básicos. "Tivemos produção recorde de cobre e um grande incremento de produção de níquel", disse Siani. Essa divisão respondeu por 16,3% das receitas no primeiro trimestre, 1,4 ponto percentual a mais do que um ano antes. A receita gerada por essa divisão - que vinha apresentando resultados magros no ano passado - cresceu 16,4%, para R$ 3,6 bilhões.
No segmento de minerais ferrosos - que inclui ferro, pelotas e carvão -, o faturamento teve crescimento mais modesto, de 5,2% na comparação anual, para R$ 15,6 bilhões. Com isso, a participação dessa divisão na receita total da mineradora recuou 0,9 ponto percentual, para 69,7% nos três primeiros meses deste ano.
O volume de vendas de minério de ferro teve leve alta de 1,6% na comparação anual, para 55,7 milhões de toneladas, enquanto o preço médio de venda recuou 5,4%, para US$ 111,69 por tonelada. No caso das pelotas, tanto as vendas quanto os preços minguaram. O valor médio realizado por tonelada caiu 5,5%, para US$ 154,67, e os volumes declinaram 9%, para 9,4 milhões de toneladas.
Siani reforçou que a companhia manteve a meta de produção de 306 milhões de toneladas da commodity neste ano, apesar de o indicador ter ficado 3,5% abaixo do volume registrado no primeiro trimestre de 2012. O executivo também confirmou a meta de investimento de US$ 16,2 bilhões para 2013 e assegurou que os US$ 4 bilhões realizados entre janeiro e março estão dentro do planejado pela empresa.
No balanço, a companhia colocou em revisão o projeto de potássio de Rio Colorado, na Argentina, mas manteve a perspectiva de investimentos de US$ 611 milhões neste ano. A Vale, que já investiu cerca de US$ 2,2 bilhões na mina, em Mendonza, suspendeu as atividades devido ao aumento exagerado dos custos, afetados pela depreciação do peso argentino, e problemas com as autoridades locais. (Colaborou Tatiane Bortolozi, de São Paulo)
Fonte:Valor Econômico/Natalia Viri e Rafael Rosas | De São Paulo e do Rio
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