SÃO PAULO - O empresário José Vilmar Ferreira, dono do Grupo Aço Cearense (GAC), formado por cinco empresas entre as quais uma grande distribuidora de aços planos na região Nordeste do Brasil, mostra preocupação com o rumo da economia e especialmente com o desempenho do câmbio. A manifestação, pouco comum, se deu por meio de um “Comunicado à nação”, em um anúncio de uma página no jornal Valor desta quinta-feira.
Na publicação, ele propõe uma nova política monetária para o país, uma vez que o “modelo da moeda desvalorizada”, em sua avaliação, trará ainda mais inflação e menor crescimento econômico. “Com uma nova proposta de política monetária, conforme apresento neste texto, cresceríamos regularmente, sem maior esforço, por volta de 3% ao ano”, diz o empresário no texto.
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O GAC engloba desde 2008 a Sinobras, uma siderúrgica de aços longos (vergalhões) em Marabá (PA), com capacidade para 350 mil toneladas por ano. Na distribuidora de aço, utiliza grande parte de material importado, de forma que o negócio se beneficia com dólar baixo, em torno de R$ 2,00 ou R$ 2,20.
No ano passado, segundo balanço da WMA Participações, holding principal do grupo, a receita bruta consolidada do GAC ficou em R$ 2,6 bilhões, com alta de 22,9% frente a 2012. Já a receita líquida consolidada em 2013 foi de R$ 2,1 bilhões, com crescimento de cerca de 25%.
Conforme o empresário, nem mesmo o dólar a R$ 2,70 seria capaz de tornar o país mais competitivo, uma vez que os custos são significativamente superiores aos de países asiáticos, como a China. Além disso, Ferreira descre ve o “dilema do lençol curto”, em que um ponto positivo da política econômica “sempre gera um negativo”. Nessa linha de raciocínio, compara câmbio, inflação medida pelo IPCA, juros e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT).
É um erro, na avaliação do empresário, neutralizar a inflação com juros elevados, uma vez que a medida repercute na elevação dos custos. “Controlar a inflação com moeda valorizada mostra-se a melhor alternativa. Nesse sentido, é importante o câmbio flutuar entre R$ 2,18 e R$ 2,28”, afirma.
Para ele, é saudável que o Banco Central mantenha o controle da moeda, “no nível desejado, adotando contratos de swap e ofertando, nesta operação o equivalente a até 30% das reservas, no intuito de neutralizar a especulação”. “Na sequência, poderemos reduzir a inflação, baixar os juros, ampliar o crescimento econômico e, como valor adicional, gerar receita significativa sobre o volume de contratos de swap. Se necessário, vale a pena desfazer parte de nossas reservas no câmbio pronto. Afinal, para que elas existem?”, questiona o empresário.
Fonte: Valor Econômico\Stella Fontes e Ivo Ribeiro