Convênios com universidades também são alternativas adotadas por grandes grupos
Para não ficar refém do mercado, muitas empresas (a maioria de grande porte) decidiram criar seus próprios programas de capacitação e treinamento de pessoal. Outras apostaram nos convênios com universidades para formar profissionais com o perfil da empresa.
No caso da Vale, cujos investimentos este ano somam US$ 13 bilhões, a aposta foi montar um curso de pós-graduação que capacita engenheiros para as áreas de pelotização, ferrovia, portos e mineração. Depois de três meses de estudo integral, com bolsa mensal de R$ 3 mil, alguns estudantes, ou todos, são contratados pela empresa, dependendo da demanda.
"Começamos a pensar nesses programas em 2007 por causa do grande número de profissionais que teríamos de admitir. Antes a gente contratava e as pessoas aprendiam na prática. Mas levava tempo", diz a gerente de atração e seleção Vale, Hanna Meirelles. Segundo ela, o quadro de técnicos também tem programa de capacitação.
Bem antes de a mineradora apostar na formação de seus profissionais, a América Latina Logística (ALL) já sofria com os efeitos de anos de abandono do setor ferroviário brasileiro. Sem profissionais disponíveis na área, a alternativa foi criar uma universidade capaz de qualificar jovens para cargos exigidos dentro da concessionária de transporte ferroviário.
"Não conseguiríamos contratar nenhum profissional sem esse curso. Hoje temos dificuldade, mas ela é minimizada por essa especialização", diz o gerente de Gestão da ALL, Rodrigo Paupitz. Este ano, a empresa deve capacitar 2 mil pessoas. A previsão é que todas sejam aproveitadas no grupo, que também tem um braço na área de transporte rodoviário.
Contratação. Outra que teve de aderir à capacitação de profissionais foi a Ford. Com um programa de investimentos da ordem de R$ 4,5 bilhões para 2011-2015, a empresa precisou fechar vários contratos com universidades e escolas de capacitação para preparar seus funcionários. Hoje estão abertas na montadora 130 vagas de engenheiros. Mas, no período de cinco anos, a empresa terá de contratar cerca de 1.000 pessoas.
"Estamos num processo intenso de contratação. Mas não é fácil encontrar pessoas com o perfil adequado. Para nós, uma das maiores carências é a falta de fluência no inglês", diz o diretor da Ford, Rogelio Golfarb. Ele conta que a empresa vai expandir a produção da fábrica da Bahia, em Camaçari, de 250 mil unidades para 300 mil unidades. A região, confessa Golfarb, é ainda mais carente em mão de obra qualificada.
A escassez de talentos para preencher vagas qualificadas é comprovada por uma outra pesquisa divulgada semana passada pela empresa de recursos humanos Manpower. O levantamento consultou 35 mil empresas de 36 países.
De acordo com o estudo, o Brasil obteve o segundo maior índice (64%) de empresas com dificuldade para preencherem vagas disponíveis. O primeiro ficou com o Japão, com 76%. Na média, o índice foi de 31%.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Renée Pereira
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