A boa notícia é que o Brasil – um dos celeiros do mundo – vai colher safra recorde no próximo ano. O total deverá atingir 195,9 milhões de toneladas, com alta de 4,8% em relação à anterior. O crescimento na área plantada de grãos foi de 3,6%, que saiu de 53,2 para 55,2 milhões de hectares. Informa o governo que os destaques são as culturas de soja, algodão, feijão e arroz. A soja obteve um crescimento de 10,5% com uma produção estimada em 90 milhões de toneladas. Eufórico, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, disse:
– A expectativa do agronegócio no Brasil é, com os crescimentos apresentados safra após safra em relação à produção de soja, de que supere os Estados Unidos, o que em breve será uma realidade.
Todos os anos, com safras boas ou ruins, o escoamento é péssimo. Quase toda a soja chega em caminhões, e não em ferrovias. A produção do Centro-Oeste é em boa parte escoada por Santos, o que é anomalia, uma vez que, como São Paulo já é uma potência industrial e agrícola, não deveria atrair cargas de outras regiões. À frente da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito fez um bom trabalho, especialmente quanto à dragagem. Já seu sucessor, Leônidas Christino, quando deixou o cargo, em setembro de 2013, a Folha de S.Paulo publicou nota informando que ele não havia gasto sequer um centavo da verba do ano para portos, apenas restos a pagar do ano anterior.
Sobre o escoamento da futura safra recorde, afirma nota da SEP: “Para evitar a formação de filas de caminhões na cidade e nos acessos rodoviários ao Porto de Santos no período de pico do escoamento da safra agrícola de 2014, a Secretaria de Portos está desenvolvendo o sistema Portolog – Cadeia Logística Portuária Inteligente, que visa a sincronizar as datas de chegada dos navios e das cargas nos terminais, a programação e o credenciamento de veículos para uso racional e utilização da plena capacidade de acesso ao porto.
Ninguém pode pensar que os problemas de transporte e armazenagem serão solucionados por passe de mágica, ou, simploriamente, pelo sistema Portolog. A senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), embora seja da base do governo, lembra que os problemas se arrastam por décadas e que nada será resolvido da noite para o dia. Cita que o país deixou o tempo passar e conclui: “Construir um porto não é como levantar um muro”. Eike Batista, que tentou construir dois portos – Sudeste e Açu – e um estaleiro – o OSX – ao mesmo tempo, que o diga.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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