SÃO PAULO - O último escritório de advocacia dos Estados Unidos a entrar para a ação coletiva (class action) contra a Petrobras em nome de investidores que compraram recibos de ações negociadas na Bolsa de Nova York (ADRs) quer acrescentar um possível novo réu para a ação: a auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC).
O escritório The Grant Law Firm informou que pretende incluir a firma de auditoria independente da estatal no processo, que acusa a empresa de fraude e disseminação de informações falsas.
Segundo Jorge Amador, advogado do escritório, que é especialista em contabilidade, a ação também mira na PwC por considerar “difícil acreditar” que a auditoria desconhecia as práticas ilegais da Petrobras durante todo esse tempo.
O período coberto pela ação coletiva é entre 20 de maio de 2010 e 21 de novembro de 2014. Isso significa que investidores que compraram ADRs da estatal nesse período podem participar.
Outros 14 escritórios americanos fizeram chamadas para ações semelhantes. O prazo para as adesões dos investidores termina na próxima sexta-feira, dia 6. Depois disso, o juiz vai decidir se aceita ou não a ação, e vai escolher um escritório para ser o líder do processo.
Segundo a The Grant Law Firm, durante parte do período abordado pela ação, a PwC “repetidamente” aprovou os resultados financeiros da Petrobras, apesar de a companhia informar valores inflados para ativos imobilizados. Esses valores inflados refletiram, entre outros fatores, os esquemas de corrupção.
Como consequência do esquema de corrupção e do envolvimento da PwC, as ações da Petrobras foram negociadas em preços inflados durante o período abordado na ação, alega Amador.
Segundo o advogado, a auditoria tinha uma visão muito melhor do que acontecia do que os acionistas da estatal durante esse período.
O Valor procurou a PwC, que não se pronunciou.
Quando o juiz definir se aceita o pedido de ação coletiva, ele vai definir também o prazo abordado, que é o que vai ajudar a estabelecer o valor da indenização.
Uma dessas ações, aberta pelo escritório Labaton Sucharow representando a cidade de Providence, capital do Estado americano de Rhode Island, abrange o período de 22 de janeiro de 2010 e 21 de novembro de 2014, e inclui também os credores de títulos da dívida da estatal emitidos nesse período.
Outros três escritórios convocaram ações que abrangem o período de 7 de janeiro de 2010 a 26 de novembro de 2014.
Ao publicar o balanço não auditado do terceiro trimestre, a Petrobras reconheceu que pode ter problemas no futuro por conta das ações coletivas, mas afirmou não saber calcular qual o potencial valor a ser pago, uma vez que o litígio ainda está em estágio inicial e ainda não há um montante exato de indenização sendo requerido.
Esse montante, segundo os advogados, só vai ser definido quando o juiz julgar as ações, ou se a empresa chegar a um acordo financeiro com os requerentes. De acordo com Amador, pode ser que o processo envolva vários réus, como a Petrobras, a PwC e executivos da companhia. Dessa forma, existe a possibilidade de mais de um acordo financeiro.
Fonte: Valor Econômico/Camila Maia
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