As exportações do Nordeste recuaram 12,57% em 2016, totalizando US$ 12,81 bilhões. Com importações de US$ 17,54 bilhões, a região registrou um saldo negativo em sua balança comercial de US$ 4,72 bilhões. O desempenho exportador da região foi muito pior que a média nacional, que teve uma queda de 3,18%.
A consultora Camila Saito, da Tendências, diz que a seca, a mais forte em cem anos, afetou a safra agrícola na área do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), e comprometeu o esforço exportador. Também influenciou a queda nas cotações internacionais das commodities minerais. As exportações de soja da região caíram 50,86% e de alumina, 15,37%. As vendas de pastas químicas de madeira, item que incorpora as exportações de celulose, recuaram em 19,11%.
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A Suzano Papel e Celulose, que concentra em Mucuri (BA) e Imperatriz (MA) 80% de sua produção de celulose de mercado e 20% de sua produção de papel, ampliou em 3,8% suas exportações de celulose no ano passado, mas obteve uma receita cerca de 5,5% menor, de R$ 5,4 bilhões, em consequência da queda nos preços internacionais, informa o diretor comercial Leonardo Grimaldi.
Na Bahia, as exportações de produtos básicos caíram 31,3%, sendo que os embarques do agronegócio foram 25% menores. O Estado exportou no último ano US$ 6,77%, total 14% inferior ao de 2015. É o pior desempenho baiano em dez anos.
O ano foi positivo para as exportações de Pernambuco e Ceará que ampliaram seus embarques respectivamente em 35,47% e 23,75%. Thobias Silva, gerente de economia e negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), diz que o resultado sinaliza uma nova tendência.
Empresas que investiram no Nordeste, motivadas pelo consumo local, agora buscam alternativas no exterior para seus produtos. Essa situação é mais evidente em Estados que contam com bons portos. "Estamos mais próximos da Europa, da América do Norte e mesmo do mercado asiático, via Canal do Panamá, em relação às fábricas instaladas no Sul e Sudeste", diz.
A fabricante de garrafas de vidro Owens Illinois, que tem uma unidade instalada no Recife, iniciou no final de 2016 uma operação de exportações pelo Porto de Suape para abastecer o México. Os embarques já superam mil toneladas. A Vivix Vidros Planos é outra companhia instalada no Estado que passou encaminhar parte de sua produção para a Argentina, México e Estados Unidos.
Também a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), fabricante dos carros Jeep em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, antecipou sua estratégia internacional. Em 2016, a companhia destinou 12 mil veículos para a Argentina e outros mil para o Chile, obtendo uma receita de US$ 304 milhões.
As exportações automotivas foram as que mais cresceram em 2016 no Nordeste, com uma alta de 15,33%, totalizando US$ 429,4 milhões. As vendas internacionais de combustíveis e lubrificantes também cresceram no ano passado, 11%. A entrada em operação da Refinaria Abreu e Lima contribuiu para o resultado.
No Ceará, as exportações de máquinas e equipamentos elétricos, peixes, sucos de fruta e castanha de caju foram os principais itens que colaboraram para o bom resultado. Mas o Estado conta com um trunfo importante para 2017, o início dos embarques das placas de aço produzidas pela Companhia Siderúrgica de Pecém. Apenas em janeiro foram exportadas 700 mil toneladas.
O comércio exterior deve ganhar um novo impulso com o apoio da Agência Brasileira de promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A diretora de negócios Marcia Nejaim diz que a agência inaugura em março um escritório regional, com sede no Recife, a exemplo do que foi feito em São Paulo em 2015. "A presença local nos permitirá criar um network com associações empresariais, consulados e organizações governamentais", diz.
Fonte: Valor