O apetite chinês pela soja brasileira fez com que as exportações do grão aumentassem 29% de janeiro a outubro, em relação ao mesmo período do ano passado. No Rio Grande do Sul, o acréscimo das vendas externas foi ainda maior: de 118%, conforme informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
_ O percentual gaúcho é maior em razão da baixa base de comparação com o ano passado, quando houve seca no Estado _ explica Guilherme Risco, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Enquanto as exportações de soja crescem no país, as vendas externas de farelo de soja recuaram 11% em um ano e as exportações de óleo tiveram uma queda de 28%, conforme dados da Secex. Os cenários antagônicos são analisados sob ângulos diferentes por economistas. Uma das avaliações é de que os impactos da supersafra na economia seriam maiores se o país conseguisse exportar o grão beneficiado.
_ A exportação do grão gera receita no PIB, mas os reflexos poderiam ser ainda mais relevantes se conseguíssemos exportar o produto beneficiado, para agregar valor _ avalia Risco.
Normalmente, 50% da safra gaúcha de soja é exportada e outros 50% ficam no mercado interno para produção de óleo e de farelo para ração animal. Em 2003, a proporção era de 40% para exportação e 60% para o mercado interno. Nesse ano, com volume recorde e cotações internacionais em alta, o percentual das vendas externas do grão deverão passar de 50%.
_ E isso não é ruim, pois estamos atendendo uma demanda do mercado externo, que hoje quer grão. E engana-se quem pensa que a soja exportada à granel não tem valor agregado. Ela envolve tecnologia embarcada em todas as etapas da produção, em maquinários, sementes e defensivos _ contrapõe o economista Antônio da Luz, da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul).
Conforme o economista, não adianta aumentar o beneficiamento da soja se o óleo não tiver competitividade lá fora.
_ O custo Brasil é muito alto, o que faz o produto industrializado aqui perder mercado no exterior _ completa, acrescentando que o volume exportado é o excedente.
Fonte: Zero Hora
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