A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) elevou sua estimativa para a produção de soja do país na safra 2014/15, cuja colheita já terminou, e passou a prever um volume maior de exportações do grão neste ano, o que reduziu um pouco a queda prevista para a receita proveniente desses embarques em relação ao recorde de 2014. Mas, ainda assim, os embarques do chamado "complexo soja" (grão, farelo e óleo) tendem a render quase US$ 7,5 bilhões menos em 2015.
Em levantamento divulgado ontem, a entidade ajustou para 93,7 milhões de toneladas seu cálculo para a produção da oleaginosa, 700 mil toneladas a mais que o previsto em maio. Trata-se do maior volume da história, 8,5% superior ao do ciclo 2013/14. Foi justamente essa correção que abriu espaço para uma revisão para cima, também de 700 mil toneladas, no cálculo para as exportações em 2015.
A Abiove passou a estimar os embarques do grão neste ano em 48,7 milhões de toneladas. Outro recorde, 6,6% maior que o batido em 2014 (45,7 milhões), que tende a gerar uma receita agora dimensionada em US$ 18 bilhões - 1,5% mais que o estimado em maio, mas ainda 22,6% menos que no ano passado. O tombo reflete a forte queda das cotações internacionais da commodity. A entidade calcula que o preço médio da tonelada exportada pelo país em 2015 ficará em US$ 370, ante US$ 509 em 2014 e US$ 533 em 2013.
Para farelo e óleo de soja, a associação não alterou suas estimativas de produção neste ano - 29,8 milhões e 7,6 milhões de toneladas, respectivamente - e também manteve volumes de exportação previstos em maio (14,7 milhões e 1,1 milhão de toneladas). Mas elevou a projeção para o preço médio das exportações de farelo neste ano de US$ 330 para US$ 350 por toneladas, o que também "ajudou" a balança do segmento, carro-chefe do setor de agronegócios no Brasil.
Com a revisão do preço médio, ainda 31,4% menor que o de 2014, a Abiove passou a projetar a receita dos embarques de farelo em US$ 5,1 bilhões em 2015, uma queda de 26,5% em igual comparação. A previsão para os embarques de óleo de soja continuou em US$ 756 milhões, de tal forma que a receita total do chamado "complexo soja" (grão, farelo e óleo) agora está estimada pela entidade em US$ 23,9 bilhões, 23,8% abaixo do recorde de 2014 (ver infográfico).
Se a Abiove estiver correta, 48% desse valor já entrou no caixa dos exportadores de janeiro a maio. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura, os embarques do complexo renderam US$ 11,5 bilhões no intervalo, uma queda de 26,3% em relação aos primeiros cinco meses de 2014. No período, as exportações de soja em grão chegaram a US$ 8,7 bilhões e a tonelada da matéria-prima foi negociada, em média, por US$ 390 - retrações de 30,4% e 22,7% na mesma comparação, respectivamente. De acordo com o ministério, houve baixa de 8,7% no valor dos embarques de farelo de janeiro a maio, ao passo que no óleo a redução foi de 11,5%.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pressinott e Fernando Lopes | De São Paulo
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