Saída de Rodolfo Landim da cúpula da EBX, na semana passada, coloca em dúvida modelo de [br]negócios do grupo
Anunciada na semana passada, a saída de Rodolfo Landim do grupo EBX praticamente fechou o ciclo do primeiro time de executivos contratados por Eike Batista para montar as empresas que o levaram à oitava posição na lista dos mais ricos do mundo, segundo a revista Forbes. E, ao que tudo indica, o fim da relação não foi amigável, como se pôde notar pela sequência declarações à imprensa.
Landim fez parte da primeira diretoria da MMX, ao lado de outros quatro executivos que já deixaram o grupo EBX: Adriano Vaz, Joaquim Martino Ferreira, Dalton Nosé e Ricardo Antunes. Além deles, deram baixa das empresas de Eike Batista nomes como Nelson Guitti, Eliane Lustosa e Marcelo Cheniaux, todos eles com passagem por cargos-chave na organização e com crédito por terem conquistado a confiança dos investidores.
A formação de equipes qualificadas foi uma das principais armas de Batista para desenvolver um modelo peculiar de negócios, que levou ao mercado financeiro cinco empresas ainda sem receita, mas com carteiras cheias de projetos. A combinação entre os planos e os executivos garantiu bons resultados nas ofertas iniciais de ações da MMX, MPX, OGX e LLX. Apenas a OSX teve desempenho abaixo do esperado. "A nossa equipe administrativa possui longa experiência na indústria de mineração de minério de ferro e atividades correspondentes, (...) tendo estabelecido uma excelente reputação nacional e internacional", dizia o prospecto da abertura de capital da MMX, que levantou R$ 2,8 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo. O modelo foi usado como base para o lançamento de ações de todas as outras companhias do grupo.
A debandada dos pioneiros de Batista não se deu de forma coordenada - ocorreu ao longo dos últimos dois anos. A saída de Landim, porém, foi considerada simbólica pelo mercado diante da relevância que o executivo teve na formação da EBX: ele esteve à frente de todos as aberturas de capital do grupo. Era tido como uma espécie de braço direito de Batista, atuando no desenvolvimento de novos negócios.
Landim estava na presidência da BR Distribuidora quando foi atraído para a EBX com um pacote de benefícios robusto, usado por Batista como isca para executivos de alto calibre. Entre os benefícios, estavam a participação acionária nas empresas do grupo e salários acima da média do mercado. O contrato de Landim, de quatro anos, venceria nesse mês.
Procurado pela reportagem, o executivo não se manifestou sobre o assunto. Segundo o Estado apurou, porém, a insistência de Batista para que os executivos invistam parte de seus bônus em novas ações das empresas do grupo, além de dificuldades de relacionamento com o acionista principal, pesaram na decisão não só de Landim, mas de outros que deixaram o EBX.
A sucessão de notas e declarações na imprensa após o anúncio da saída de Landim indica que a sua relação com Batista já estava desgastada. Durante a semana passada, Batista se queixou a pessoas próximas quanto aos ganhos excessivos do executivo durante sua passagem pelo grupo. Além disso, uma nota no jornal O Globo informou que Landim pretende escrever um livro sobre sua experiência na criação das empresas ligadas à EBX. No dia seguinte à divulgação da notícia, Batista deu uma entrevista ao mesmo jornal revelando que Landim recebeu R$ 165 milhões nos anos em que esteve lá. Segundo executivos próximos, a declaração aprofundou o mal estar entre ambos.
Procurada, a EBX não fez comentários a respeito dos motivos que levaram à saída de Landim, limitando-se a dizer que o executivo deixa a empresa após o fim do seu contrato de quatro anos e diz que a movimentação de executivos é natural. Dentre os executivos que deixaram o grupo, dois (Nosé e Amarante) foram para a Anglous Ferrous, empresa parceira de Batista. Os outros buscaram caminhos diferentes, seja em projetos pessoais ou na criação de novos negócios.
Em nota enviada ao Estado, a EBX acrescenta que, no último ano, contratou nomes de peso no mercado, com experiência em empresas como Vale, CSN, Credit Suisse e Petrobrás, além do aproveitamento de talentos internos. ''Aprendi a ler melhor pessoas e selecionar executivos do que ler livros. Qualquer um é substituível'', disse Batista, ao fim do texto.
Para lembrar
Companhia de mineração pertencente ao Grupo EBX, a MMX foi criada em 2005 pelo empresário serial Eike Batista. Em julho de 2006, a empresa realizou seu IPO na Bolsa de Valores de São Paulo, captando R$ 1,1 bilhão. O valor foi recorde entre as operações na bolsa naquele ano e permanece como uma das maiores já realizadas até hoje. No ano passado, a companhia chinesa Wisco comprou uma participação de 21,22% da mineradora por US$ 400 milhões.
Baixas recentes do grupo
Nelson Guitti
Foi diretor financeiro e de relações com investidores. Saiu para montar um fundo
de investimento.
Joaquim Martino Ferreira Atuou como diretor-geral da mineradora MMX e, mais tarde, foi consultor especial do grupo EBX.
Tirou um ano sabático em Minas Gerais.
Dalton Nosé
Era diretor de metálicos. Hoje, está na Anglo American.
José Luiz Amarante Araújo
Foi diretor comercial. Também atua na Anglo American.
Marcelo Adler Cheniaux Foi diretor financeiro da EBX. Está montando um fundo de
investimentos.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Nicola Pamplona do Rio
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