Burocracia tributária e custo do frete internacional 500% mais caro são entraves apontados pelas empresas. Mas mesmo com a pandemia, indústrias indicam esperar crescimento do comércio exterior
Em sua 6ª edição, o Diagnóstico do Comércio Exterior do Estado Rio, documento elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), destaca os reflexos da pandemia da Covid-19 no comércio exterior. Numa amostra com mais de 300 empresas, o levantamento constata que o desordenamento das cadeias globais de valor e o aumento das restrições ao comércio internacional impactaram diretamente nos custos e disponibilidade de fretes internacionais.
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A interrupção de diversos sistemas de produção trouxe insegurança, dificultando vendas e aquisições de bens e matérias-primas ao redor do mundo.
A disponibilidade de compradores/demanda pelo produto (23,3% respondentes), o aumento no custo de insumos/matéria-prima (17,3%), dificuldade na aquisição de insumos/matéria-prima (16,7%) e custo do frete internacional (15,7%) foram os principais impactos causados pela pandemia nas operações de exportação e importação no período 2020-2021. Ainda assim, 65% das indústrias respondentes do levantamento afirmaram que mantiveram ou melhoraram o desempenho (34,3% e 30,3% respectivamente) no período. Outros 33,7% apontaram que o desempenho nas operações internacionais piorou.
“Em 2020, com uma corrente de comércio de US$ 41 bilhões, o estado do Rio foi o segundo maior player entre os estados brasileiros. Porém, ainda existem entraves no comércio exterior que impedem o crescimento das empresas e prejudica o estado de atingir o seu potencial. Altos custos, burocracias alfandegárias e tributárias, são algumas das barreiras identificadas pelo estudo da federação”, destaca Júlio César Talon, vice-presidente da Firjan CIRJ e executivo da GE Celma.
Indústrias fluminenses citam entraves
Além dos reflexos da pandemia da Covid-19, 44% dos industriais fluminenses que participaram da pesquisa da Firjan destacaram que a burocracia tributária é o obstáculo de maior impacto nas exportações fluminenses. Em seguida, vem o custo do frete internacional (13% dos respondentes), reclamação que aparecia apenas na 9ª posição no levantamento anterior. Durante a pandemia, o custo do frete subiu mais de 500% em todo o mundo.
“Com o custo alto do frete, do booking de navios sendo alterado de 28 para 50 dias e cancelamentos de rotas, o importador fluminense vê o custo logístico cotado em US$ 12 mil, US$ 13 mil. É um valor muito elevado, deixando a operação cara. Antes da pandemia era em torno de US% 2 mil. A toda hora temos uma surpresa, fica difícil fazer um planejamento de importação”, diz Joelza Schenquel Vargas, supervisora de comércio exterior da STAM Metalúrgica, indústria de Nova Friburgo, mundialmente conhecida pela produção de fechaduras e cadeados.
Apesar das dificuldades, Joelza destaca que as exportações da empresa cresceram 25% mesmo com a pandemia, principalmente pelo trabalho de abertura de novos mercados executado em anos anteriores.
A abertura de novos mercados é desejo de 35% das empresas fluminenses, conforme o Diagnóstico do Comércio Exterior do Estado Rio. Destes, 20% querem ingressar no mercado europeu. Já 23% buscam novos mercados fornecedores, com maior foco nos mercados asiáticos.
Já 84% dos industriais fluminenses consideram que poderiam aumentar suas exportações, caso os entraves atuais fossem superados. No mesmo sentido, 87% das empresas importadoras consideram que teriam incremento em suas operações, caso os entraves fossem retirados.