Por Luiz Henrique Mendes, Fernando Lopes, Cristiano Zaia e Assis Moreira | De São Paulo, Brasília e Baden-Baden (Alemanha)
Diante das conclusões expostas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Carne Fraca, será inevitável que o fluxo dos embarques brasileiros de carnes sofra algum abalo, de acordo com fontes do governo e da iniciativa privada.
Ainda que nenhum país importador tenha anunciado embargos aos produtos brasileiros até o fechamento desta edição (22h30 de ontem), era grande o número de pedidos de esclarecimento apresentados por companhias importadoras aos governos dos países compradores, sobretudo China (em Pequim eram 09h30 desta segunda-feira no fechamento desta edição) diversas nações que fazem parte da União Europeia. China e UE são dois dos principais destinos das exportações de carnes do Brasil - que totalizaram quase US$ 15 bilhões no período de 12 meses encerrado em fevereiro passado.
PUBLICIDADE
Ainda assim, segundo apurou o Valor, interrupções do fluxo comercial são esperadas, e o risco de que cargas já a caminho desses destinos sejam barradas nos portos e devolvidas é grande. Também poderão ser adotados embargos específicos contra o Paraná, onde está concentrada boa parte dos problemas sanitários derivados do esquema de corrupção investigado pela PF. O Valor apurou que nos países do Oriente Médio, região também fundamental para os exportadores brasileiros, os esclarecimentos prestados até agora pelo governo e pela iniciativa privada foram bem recebidos e a pressão dos importadores é bem menor.
Aparentemente, a maior pressão vem da UE, onde a Copa-Cogeca, poderosa central que representa produtores rurais europeus, demonstrou preocupação e reiterou a importância de as importações da UE respeitarem os padrões sanitários definidos pelo bloco. E isso às vésperas do início de mais uma rodada de negociações no âmbito do acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, hoje em Buenos Aires.
No pronunciamento que fez a jornalistas ontem em Brasília, o presidente Michel Temer informou que, em 2016, foram expedidas, no total, 853 mil partidas de produtos de origem animal do país para o exterior, e que apenas 184 foram consideradas fora de conformidade por importadores. E não necessariamente por questões sanitárias, muitas vezes por problemas de rotulagem e preenchimento de certificados.
Fonte: Valor