Do Rio - Mais longevo presidente da Petrobras, com nove anos na companhia, dos quais dois anos e meio como diretor financeiro e seis anos e meio na presidência, o economista José Sergio Gabrielli admitiu ontem que sua saída já vinha sendo preparada. Depois da reunião do conselho de administração, marcada para o dia 9 de fevereiro, Gabrielli volta para a Bahia, onde vai trabalhar com o governador Jacques Wagner, sem um cargo ainda definido.
"Essa decisão é antiga, estava arrumada há algum tempo, mas o conselho não tinha tomado posição ainda. A decisão de voltar para a Bahia [também] é antiga", disse o executivo ao Valor.
Em um balanço de sua gestão, o executivo cita pontos que acha relevantes. O primeiro é o fortalecimento do Sistema Petrobras. "Revertemos o processo de segmentação e de pulverização que havia na companhia", diz o executivo.
O segundo elencado por Gabrielli foi a mudança na gestão com ênfase nos processos e não só nos resultados. "Isso alterou muito o funcionamento da companhia", garante. Em terceiro lugar, ele citou a realização de concursos que permitiram renovar a força de trabalho da companhia, que hoje tem 52% dos funcionários com menos de dez anos na casa. E por último, cita a relação com a cadeia de fornecedores. "Estabelecemos relações com a cadeia de fornecedores, tanto no que se refere na identificação de gargalos na cadeia como a montagem de sistemas de financiamento para fornecedores, como o Progredir e os FIDCs que estimulamos", completou.
Sobre as crises, Gabrielli diz que foram decorrentes do crescimento. Admitiu, por exemplo, que em alguns momentos a capacidade da indústria de responder às demandas da Petrobras demorou mais do que se esperava. Ele também lembra as "várias discussões importantes" para a montagem do novo marco regulatório para o pré-sal brasileiro; e o que chamou de "processo doloroso e difícil" da capitalização da Petrobras, em 2010. "Foi um processo longo que exigiu vários movimentos e a mobilização do mercado financeiro mundial", relembrando que no período da oferta as equipes lideradas por ele e pelo diretor financeiro, Almir Barbassa se reuniram com aproximadamente 780 investidores nacionais e estrangeiros.
Quanto ao fato das ações da companhia terem subido ontem depois do anúncio de que a diretora de Gás e Energia, Graça Foster, será indicada para a presidência, Gabrielli atribuiu a dois fatores: continuidade da gestão e à percepção de que as especulações com os papéis da companhia vão acabar. "O mercado funciona um pouco assim, realiza no impacto", disse.
Ontem as ações ordinárias da Petrobras fecharam com alta de 3,60% em relação ao pregão de sexta-feira, valendo R$ 27,30 e as preferenciais subiram 3,75%, fechando o dia cotadas a R$ 25,13. Na entrevista concedida à tarde, Gabrielli quase jurou que não é candidato a nenhum cargo eletivo, pelo menos agora.
"Não juro por Deus nada. Estou dizendo que neste momento não sou candidato. À prefeitura (de Salvador) com certeza não serei. Em 2012 não serei candidato. Isso posso afirmar peremptoriamente", disse. "Fui convidado pelo governador Jacques Wagner [PT-BA] a assumir cargo de governo", disse. Que cargo? Isso Gabrielli disse que ainda não sabe. "Ele [Wagner] ficou de definir".
(Fonte:Valor Econômico/CS)
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