Pindamonhangaba - A Gerdau está otimista com o desempenho do mercado interno de automóveis e de construção civil. Porém, em decorrência do excedente de aço no mercado internacional a empresa manterá os preços de seus produtos, e não há previsão de alteração dessa política. De acordo com o diretor presidente da empresa, André Gerdau Johannpeter, o processo de término dos descontos concedidos ainda está em análise pela companhia. O fim do abatimento estava previsto para ocorrer no mês passado, mas a siderúrgica decidiu manter os descontos em junho. A afirmação foi feita durante o anúncio de investimentos de R$ 718 milhões em Pindamonhangaba e Araçariguama (SP).
"A retirada [do desconto] ocorre de forma extensa, precisamos avaliar um por um os compradores e produtos que recebem os abatimentos", enfatizou. O executivo também revelou que a maior produtora de aços longos do continente estuda monetizar o excedente de sua produção de minério de ferro.
No entanto, o modelo utilizado para a medida ainda não foi escolhido, a companhia está em processo de contratação de uma instituição financeira para assessorar a operação, que deve ser definida entre seis e nove meses. Hoje, a Gerdau calcula ter três bilhões de toneladas em recursos minerais de alta qualidade em suas minas localizadas em Minas Gerais.
"Há várias possibilidades, desde nos unirmos a um ou mais parceiros nacionais ou estrangeiros, sozinhos ou por intermédio de uma oferta de ações no mercado", acrescentou Johannpeter, ao deixar explícito que vários contatos já foram feitos com companhias do setor de mineração, embora ele não tenha apresentado quais empresas estariam interessadas.
Contudo, antes de a operação sair do papel, a companhia terá de mapear o quanto de minério será necessário para viabilizar sua autossuficiência no futuro. O plano da empresa projeta chegar a 2012 com toda sua demanda atendida internamente com uma produção de 7,5 milhões de toneladas do recurso.
Se levar em conta o nível de capacidade utilizada a Gerdau terá bastante trabalho pela frente. De acordo com o executivo mais de 80% da capacidade de produção da empresa está em utilização em todo o território nacional. Nos Estados Unidos, outro mercado de grande importância para a companhia, o uso das suas instalações ainda recupera-se da crise econômica global e está entre 65% e 70%. "Considero o mercado em bom estado, há possibilidade de projetos de expansão para países da América Latina como Chile, Peru, Argentina e até no México", afirmou ele.
Investimento
Com esse cenário em observação, a empresa aproveitou ontem para anunciar um investimento de R$ 718 milhões somente no Estado de São Paulo. Os recursos serão utilizados para a implantação de um novo laminador (ao custo de R$ 327 milhões) e aumentar a capacidade de produção em 500 mil toneladas na unidade de Pindamonhangaba (SP). A nova linha será instalada até 2012 para atender o mercado automotivo com aços especiais. Atualmente, a unidade tem capacidade de 700 mil toneladas e 80% desse volume vai para fabricação de veículos no Brasil.
Hoje, nessa unidade, os aços longos destinados para a fabricação de autopeças consomem 85% da produção da Gerdau, assim como os aços especiais pelo segmento da indústria automobilística. Outros R$ 318 milhões aplicados na mesma área têm como foco a construção de uma nova fábrica de vergalhões e outros produtos específicos para a construção civil, para 2013. Já o laminador de Araçariguama receberá o restante do investimento, R$ 73 milhões para otimização de processo e melhorias.
O investimento da Gerdau em Pindamonhangaba faz parte de um pacote de R$ 1,3 bilhão de reais que a empresa reservou para aumento de capacidade no Brasil e nos Estados Unidos. De acordo com a companhia parte do capital para a expansão poderá ser obtido por linhas de financiamento do BNDES. "Provavelmente, além de recursos próprios, recorreremos a alternativas de financiamento, mas ainda estamos avaliando", frisou.
O executivo minimizou o fato de que há excedente de produção de aço no mercado mundial. Ele rebateu a afirmação de que esse aporte seria um investimento precipitado ao dizer que o ciclo siderúrgico é longo e o plano é que as 500 mil toneladas extras sejam absorvidas pelo mercado no futuro, porém, sem dizer qual seria o destino desse aço.
Fusão
A Nippon Steel Corporation e a Sumitomo Metal Industries apresentaram um pedido oficial à Comissão de Comércio Justo do Japão (JFTC, na sigla em inglês), órgão regulador antitruste daquele país, para aprovação de sua fusão a partir de outubro de 2012 que deverá criar a segunda maior siderúrgica do mundo em de capacidade, atrás apenas da indiana ArcelorMittal. No Brasil, a Nippon Steel possui a maior fatia no bloco de controle da Usiminas, com 27,8% das ações ordinárias.
Fonte: DCI/Caio Luiz
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