A retomada do mercado interno, aliada às boas perspectivas para os próximos anos, incentiva a Gerdau, uma das maiores fornecedoras de aços longos especiais no mundo, a buscar uma participação mais efetiva no segmento de aços planos. Em 2009, o grupo ampliou sua linha de produtos, com o início da produção de placas na usina de Ouro Branco (MG), matéria-prima para a fabricação de aços planos. Este ano, está investindo na instalação do laminador de chapas grossas, também em Ouro Branco, o que envolve recursos da ordem de R$ 1,75 bilhão. O montante faz parte do plano global de investimentos da companhia, no valor de R$ 9,5 bilhões para os próximos cinco anos (2010-2014), informa André Gerdau Johannpeter, diretor-presidente. "Pretendemos investir principalmente no Brasil, destino de aproximadamente 80% das nossas aplicações nos próximos cinco anos", assegura.
O laminador de chapas grossas em Ouro Branco terá capacidade instalada de um milhão de toneladas por ano, com possibilidade de futuras expansões, e sua entrada em operação está programada para o final de 2012. A Gerdau já atua no mercado de aços planos no Brasil, por meio da Comercial Gerdau, principal distribuidora de produtos de aço. Nesse caso, os produtos em aços planos são fabricados por outras empresas. "O principal foco do investimento do laminador de chapas grossas é o mercado interno, especialmente para o segmento petrolífero, seguido da indústria naval, da construção civil (construção metálica) e de equipamentos pesados (máquinas e implementos). O excedente de produção será destinado à exportação para os demais países da América Latina", explica Johannpeter.
A diversificação da linha de produção não é uma tarefa fácil, admite o executivo. Mas, dadas as suas diversas aplicações em segmentos como automotivo, linha branca, embalagens e industrial, este é um mercado que pode abrigar diversos players. "Vamos buscar nos diferenciar da mesma forma que fazemos em aços longos e especiais - pela qualidade -, atuando em linhas em que o mercado tenha necessidades não atendidas e substituindo importações."
Segundo ele, as tendências da economia apontam para a retomada intensa do crescimento. "Em comparação com os demais países, o Brasil se encontra em posição privilegiada, em razão da boa condução da política econômica ao longo das últimas décadas.
A Gerdau, adianta o executivo, está preparada, com uma extensa linha de produtos para atender às demandas da construção civil. São vergalhões, colunas POP, sapatas, estribo, treliças e outros materiais específicos para serem utilizados na construção das casas do programa "Minha Casa, Minha Vida". "A empresa aposta nas vantagens da inovação e promove regularmente palestras e debates com especialistas em engenharia para verificar novas oportunidades", diz.
O grupo também se ressente da crise que afetou pesadamente a siderurgia brasileira. "O ano de 2009 foi atípico em todos os setores da economia mundial e brasileira. No caso do aço, ainda que em menor grau perante muitos outros países, a produção brasileira apresentou redução de 21% em 2009 em relação ao ano anterior, segundo o Instituto Aço Brasil (IABr). Em termos de desempenho do grupo, no ano passado, de acordo com Johannpeter, a histórica sazonalidade do quarto trimestre, que resultou em menor demanda por aços longos principalmente na América do Norte, diminuiu em 5,3% as vendas físicas consolidadas da Gerdau na comparação com o terceiro trimestre, para 3,7 milhões de toneladas. Ao longo de 2009, as vendas físicas consolidadas da companhia chegaram a 14 milhões de toneladas. No quarto trimestre, a produção total de aço, de 3,8 milhões de toneladas, apresentou queda de 4,7%. No ano, a produção consolidada de aço atingiu 13,5 milhões de toneladas. Como consequência dessa sazonalidade, o faturamento bruto apresentou queda de 5% sobre o período imediatamente anterior, encerrando o trimestre em R$ 7,4 bilhões. No ano, o faturamento bruto da Gerdau foi de R$ 30,1 bilhões.
Para 2010, segundo o diretor-presidente, as perspectivas positivas se focalizam, principalmente, no mercado interno. É preciso, no entanto, vencer alguns desafios, entre eles o da alta de preço da matéria-prima.
Fonte: Valor Econômico/ Genilson Cezar, para o Valor, de São Paulo
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