O movimento feito pelo grupo Gerdau para comprar as ações dos minoritários da sua controlada Ameristeel - e assim controlar 100% do capital da empresa - sinaliza que a multinacional brasileira prepara um novo ciclo de expansão dos negócios nos Estados Unidos e na America Latina. A previsão é de Marcelo Aguiar, analista de mineração e siderurgia do banco americano Goldman Sachs, em relatório que circulou ontem no mercado. A negociação deve ser fechada em agosto.
Se for bem sucedido na proposta de pagar um valor estimado em US$ 1,6 bilhão por 33,7% do capital da companhia em poder dos minoritários, o segundo passo do grupo siderúrgico será fechar o capital da Ameristeel, pois isto lhe dará flexibilidade futura para expandir os negócios. A Ameristeel é a única empresa da Gerdau no exterior com papéis negociados em bolsa.
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O preço estabelecido na oferta de compra é de R$ 11 por ação ante o valor de R$ 7 cotado na bolsa antes do anúncio da proposta de aquisição feito através de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na quarta-feira. O prêmio da operação é de 53,4%, considerado muito alto pelo mercado. O Credit Suisse, em relatório assinado por Ivan Fadel, discorda. Fadel acredita que o preço ofertado pela Gerdau não assusta pois corresponde a apenas 3% do valor de mercado do grupo, na faixa de US$ 19 bilhões. A probabilidade de sucesso do negócio e do fechamento de capital é elevada pelo prêmio oferecido, avaliam fontes do mercado de capitais.
Rafael Weber, analista da corretora Geração Futuro, interpretou que "a oferta foi positiva" e é um indicativo de "confiança" do grupo na recuperação do mercado americano. "Se a Gerdau está disposta a utilizar recursos de caixa para pagar os minoritários é porque sente segurança de que a situação [do mercado de aço] está melhor." Weber disse que se a oferta for aceita o desembolso só vai ocorrer em meados do terceiro trimestre de 2010.
A Gerdau Ameristeel é a segunda maior produtora de aços longos especiais na América do Norte, com capacidade de produção de 10 milhões de toneladas de aços laminados por ano. Subsidiária da Gerdau S.A., a empresa nasceu no Canadá. Em 1999, foi comprada pela Gerdau de um grupo japonês. Até então, a Gerdau só tinha duas operações no Canadá, adquiridas entre os anos 1980 e 1994. Em 2002, o grupo brasileiro fundiu a Ameristeel canadense com a americana Co-steel, criando uma empresa mais robusta com operações no Canadá e nos Estados Unido, a Gerdau Ameristeel Corporation.
A partir daí, a subsidiária fez outras aquisições no mercado americano, sendo a mais importante delas a Chaparral Steel, em julho de 2007, por US$ 4,2 bilhões. Hoje a subsidiária americana é proprietária de 19 usinas siderúrgicas, 12 unidades de transformação, 49 unidades de corte e dobra e 21 unidades de coleta e processamento de sucata.
Os números dos balanços de 2008 e 2009 revelam a extensão do impacto da crise sobre o desempenho da empresa. A receita consolidada da Ameristeel somou US$ 8,5 bilhões em 2008, ante US$ 4,1 bilhões no ano passado. No primeiro trimestre de 2010, o resultado da Ameristeel apontou a melhora do mercado. A receita de vendas no período foi de US$ 1,1 bilhão, subindo 10% ante U$ 1 bilhão no primeiro trimestre de 2009.
As agências de risco Moody ' s e Fitch informaram que as notas de risco da Gerdau e sua subsidiária não serão afetadas pela proposta de compra. Para a Fitch, a estrutura de capital da Gerdau é sólida e capaz de financiar a aquisição proposta. "A transação, que aumentaria a participação da Gerdau de 66,3% para 100%, fortalecerá a posição da companhia na América do Norte e alinhará totalmente o interesse das duas empresas", disse a Fitch.
O grupo Gerdau é líder na produção de aços longos nas Américas e um dos maiores fornecedores do produto no mundo. Possui indústrias em 14 países e uma capacidade de produção superior a 25 milhões de toneladas por ano. Nos Estados Unidos, o grupo também é dono da Gerdau MacSteel, produtora de aços longos especiais. A empresa foi comprada da Quanex Corporation em 2008 por US$ 1,7 bilhão, incluindo dívida. (Colaborou Sérgio Bueno, de Porto Alegre)
Fonte: alor Econômico/Vera Saavedra Durão, do Rio
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