Apesar das incertezas em relação ao próximo ano, o diretor-presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, disse ontem que o desaquecimento da economia global, puxado pela crise na Europa, ainda não foi suficiente para modificar os planos de investimentos do grupo siderúrgico. De acordo com ele, a empresa mantém os estudos para a construção de duas novas siderúrgicas no Brasil e de mais uma na América do Norte.
Anunciados em maio, os estudos incluem a construção de usinas nas regiões Norte-Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, cada uma com capacidade instalada entre 500 mil a 700 mil toneladas de aços destinados à construção civil e indústria. Preveem ainda um laminador de vergalhões com capacidade de 600 mil toneladas/ano em uma unidade já instalada, possivelmente localizada na região Sul.
Na América do Norte, o grupo planeja colocar mais uma siderúrgica de aços especiais, com capacidade de 700 mil a 800 mil toneladas anuais, em país não revelado. Os valores dos projetos não foram informados, mas em maio a Gerdau também havia confirmado investimentos de R$ 1,3 bilhão em expansões de unidades em São Paulo e nos Estados Unidos até 2014. Depois, no início de agosto, anunciou mais R$ 183 milhões para ampliações nas usinas de Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes, ambas no interior paulista.
Embora afirme que "tende a ser otimista", Johannpeter disse que o cenário para 2012 é de "incerteza muito grande" em função da volatilidade do mercado financeiro e da crise europeia, sobretudo da Grécia. Segundo ele, pelo menos o setor siderúrgico "ainda não foi afetado". No mês passado, o Instituto Aço Brasil (IABr) revisou de 39,4 milhões para 36,3 milhões de toneladas a previsão de produção de aço em 2011 no Brasil, mas ainda assim a estimativa representa uma alta de 10,5% em relação a 2010.
A projeção para o consumo aparente do produto no mercado interno em 2011, que inclui as vendas domésticas das usinas mais as importações, foi revisada dos 6,4% de crescimento anunciados em junho (para 27,8 milhões de toneladas), para queda de 0,9%, o que representa um volume de 25,8 milhões de toneladas. Mas, conforme Johannpeter, a nova previsão foi influenciada pelos altos estoques de aços planos, que foram consumidos em ritmo mais lento devido à "desindustrialização" de alguns setores da cadeia produtiva provocada pela valorização do real até semanas atrás.
Conforme o empresário, a Gerdau está planejando o orçamento de 2012, mas ainda não sabe que taxa cambial será utilizada. Ele evitou fazer projeções sobre a produção e o consumo de aço no Brasil e no mundo no ano que vem porque prefere esperar pela divulgação das previsões da World Steel Association (WSA), marcada para terça-feira da próxima semana, em Paris.
Fonte:Valor Econômico/Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
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