Sob pressão do PMDB da Câmara dos Deputados para trocar o comando da Vale, o presidente Michel Temer não vai antecipar a mudança na empresa, prevista para maio, mas já busca um executivo com experiência na área de mineração para troca.
O governo quer trocar o comando da mineradora, uma empresa privada com forte presença estatal (BNDES e fundos de pensão de estatais e, mas já avisou à sua base aliada que o escolhido será um executivo. E que o nome será negociado com os sócios privados da mineradora, como o Bradesco.
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No ano que vem termina o mandato do atual diretor-presidente Murilo Ferreira, 63, que foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Na companhia, os mandatos são trocados ou renovados de dois em dois anos e os diretores e presidentes não podem ter mais de 65 anos.
Inicialmente Temer chegou a cogitar forçar uma troca já neste ano, como parte do esforço do governo para diminuir a influência da gestão petista sobre empresas com participação pública.
Com a resistência de acionistas a uma mudança antes do fim do mandato, o presidente decidiu evitar criar um desgaste desnecessário. Ele não quer passar a imagem pública de que estaria interferindo na empresa privada.
A Vale tem como sócios fundos de pensão de estatais, como Previ (Banco do Brasil), BNDES e Bradesco.
PRESSÃO
Para o lugar de Ferreira, Temer avalia que deve ser seguida a regra adotada na Petrobras (comandada por Pedro Parente) e escolher um nome de um executivo, com experiência no ramo da mineração e que possa restabelecer a credibilidade da empresa, abalada pelo desastre em Mariana (MG), em 2015.
O presidente estava sendo pressionado a nomear um indicado da bancada federal do PMDB mineiro, que não foi contemplada com um ministério de primeiro escalão e que vinha pressionando Temer pelo posto desde o impeachment de Dilma.
Os deputados federais tentaram emplacar, entre outros nomes, o do ex-diretor da Vale e conselheiro da NovaAgri José Carlos Martins, que tem 66 anos. Ele era defendido até por amigos do presidente, mas, diante do empecilho da idade e da ligação política, Temer não aceitou o nome.
Para o cargo, o Planalto avalia agora nomes como o do ex-diretor da companhia de mineração Tito Martins, hoje na Votorantim Metais, e alternativas internas, como Peter Poppinga, diretor-executivo de Ferrosos, e Luciano Siani, diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores.
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OS HOMENS PARA A PRESIDÊNCIA
Cotados para comandar a Vale têm experiência na mineradora
O executivo Tito Martins
Tito Martins
Graduado em ciências econômicas pela UFMG, ingressou na Vale em 1985 e, em 1999, assumiu a diretoria de Finanças e Relações com Investidores. Em 2009, tornou-se presidente da Vale no Canadá e foi cotado para a presidência da mineradora no Brasil em 2011, quando Murilo Ferreira foi escolhido. No ano seguinte, deixou a empresa e assumiu a Votorantim Metais
O executivo Luciano Siani
Luciano Siani
Mestre em administração de empresas pela New York University, nos Estados Unidos, o executivo ingressou na Vale em 2008. Em 2012, assumiu o cargo de diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da companhia, posição que ocupa até hoje. Antes da Vale, foi secretário-executivo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
O executivo Peter Popinga
Peter Poppinga
Graduado em geologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pela Universität Erlangen-Nürnberg, na Alemanha, o executivo assumiu em 2014 a diretoria-executiva de Ferrosos da mineradora brasileira. Desde 2000, ele ocupa cargos de direção na companhia e em suas subsidiárias ao redor do mundo, como em unidades na Bélgica, na Suíça e na Indonésia
Fonte: Folha de São Paulo/GUSTAVO URIBE/VALDO CRUZ DE BRASÍLIA