Se os fabricantes de máquinas não vislumbram recuperação antes de 2017, mesmo com o dólar valorizado, as importadoras de bens de capital mecânicos estão ainda mais pessimistas. O economista da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), Otto Nogami, prevê uma recuperação apenas para 2020. Mas não é só o câmbio que atrapalha os negócios. Segundo a entidade, o elemento chave da crise de demanda é a imprevisibilidade.
"O empresário tem necessidade e desejo de investir, mas não tem a segurança de que é o momento certo", resumiu o presidente da entidade Ennio Crispino.
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No acumulado de 2015 até novembro, a importação de bens de capital teve uma queda de 19,3%, para US$ 35,1 bilhões. A expectativa é de que o ano fechado fique em US$ 36 bilhões, o equivalente a uma retração de 24,6%, conforme dados apresentados por Nogami. Para 2016, a previsão também é de queda.
O começo de 2015, para as importadoras, foi marcado pela crença de que o governo faria sua parte - ou seja, implementaria as medidas de ajuste fiscal e, assim, a recuperação teria início já em meados de 2016. Em um ano, porém, o que aconteceu foi a deterioração da economia e a avaliação é de que o governo não dá sinais claros do que pretende fazer pela indústria. "Passamos o ano inteiro e não há sequer o esboço de uma política industrial", diz Crispino.
Com uma demanda consolidada, ele defende que os importadores se adaptariam a um patamar de dólar mais alto. Um dos fatores que contribuem para os negócios, inclusive, é a nacionalização de máquinas e componentes. Isso porque esses processos produtivos muitas vezes requerem maquinário importado.
Diante dessa crise, porém, Crispino afirma que as importadoras já estão desistindo de repor seus estoques. No caso daqueles modelos que não foram repostos, o prazo para uma resposta quanto a encomendas é de pelo menos 90 dias.
Fonte: Valor Econômico/Victória Mantoan | De São Paulo