O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou ontem as projeções de crescimento da Índia, traçando um cenário bastante positivo para a economia do país, apontado como um dos mais dinâmicos dos grandes emergentes. Para o ano fiscal de 2014/2015 (período que vai de abril passado a março deste ano), o FMI aumentou a estimativa de 5,6% para 7,2% e, para o ano de 2015/2016, de 6,3% para 7,5%. São números superiores aos projetados para a China, que deve crescer 6,8% neste ano, de acordo com o Fundo.
As mudanças expressivas nas previsões se deveram à revisão da metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto da Índia, que mostrou ritmo mais forte do que os dados disponíveis anteriormente. O crescimento de 2013/2014, por exemplo, foi revisado de 5% para 6,9%. Os novos números causaram algum estranhamento entre os analistas, por não parecerem consistentes com outros indicadores, como o crescimento do crédito e o investimento.
Apesar dessas dúvidas sobre o novo PIB, o FMI e outros analistas têm mostrado uma visão bastante favorável sobre a Índia, depois que o reformista Narendra Modi tornou-se o primeiro-ministro no ano passado. "A economia indiana está revivendo, ajudada por políticas positivas que melhoraram a confiança e por preços mais baixos do petróleo", afirma o FMI, em sua avaliação anual sobre o país. De acordo com o Fundo, a Índia é o "ponto brilhante" na paisagem global, tornando-se um dos grandes emergentes que crescem mais rápido no mundo.
"Os números de crescimento são agora muito maiores e o déficit em conta corrente é confortável, em parte devido à queda nas importações de ouro e o petróleo mais barato", diz, em nota, o chefe da missão para a Índia do FMI, Paul Cashin. "Novos anúncios de projetos de investimento começaram a aparecer, especialmente nos setores de geração de energia e transporte".
O relatório também destaca a queda da inflação da Índia, um problema crônico do país. Atualmente, os índices de preços estão na casa de 5%, depois de oscilarem próximos de 10% por vários anos, nota o FMI. A instituição elogia o banco central do país por ter elevado os juros em 2013 e 2014, assim como os esforços do governo para conter a inflação de alimentos. Neste ano, o BC indiano já cortou os juros duas vezes, aproveitando o cenário mais favorável para os índices de preços.
O compromisso do novo governo com a disciplina fiscal também agrada ao FMI, que vê como bem vinda a determinação de reduzir o déficit público. O relatório observa, contudo, que é possível aumentar as receitas por meio de uma administração melhor dos impostos e controlar os gastos pela redução de subsídios. Também seria importante elevar os investimentos em infraestrutura.
O Fundo também aponta alguns riscos para o país. No cenário internacional, pode haver o impacto negativo do fraco crescimento global e de eventual volatilidade nos mercados, em decorrência da alta dos juros nos EUA, esperada para os próximos meses. No front interno, o FMI diz que é necessário ficar atento à fraquezas nos balanços de empresas, já que muitas companhias se endividaram nos últimos anos. A piora na qualidade dos ativos dos bancos também precisa ser monitorada.
Fonte: Valor Econômico/Sergio Lamucci | De Washington
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