Indígenas kayapós que protestam no km 302 da BR-163 desde segunda-feira, em Novo Progresso (PA), impuseram um novo bloqueio na via às 7h desta quinta-feira conforme prometido na véspera, informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A rodovia é uma importante rota de transporte de grãos do Centro-Oeste para o Arco Norte, e a sequência de paralisações ocorridas nesta semana já preocupa o setor agrícola, que está em pleno período de escoamento da segunda safra de milho 2019/20.
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“Neste momento estamos escoando milho. Toda paralisação complica o escoamento, a programação das barcaças e dos navios”, disse o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, vinculado à associação de agricultores de Mato Grosso Aprosoja-MT, Edeon Vaz Ferreira.
Ele não deu mais detalhes sobre o impacto no processo logístico dos portos.
Nesta semana, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) ressaltou em nota que a BR-163 é um corredor logístico vital para a agricultura do Centro-Oeste, e sua paralisação tem potencial de impactar as exportações de cerca de 50 mil toneladas de soja e milho que passam diariamente pela rodovia rumo ao porto de Miritituba.
A Abiove também afirmou que, todos os dias, o Porto de Barcarena (PA) recebe 1,5 milhão de litros de combustíveis e 300 toneladas de fertilizantes, que são depois transportados para as áreas produtoras de grãos, “insumos fundamentais... neste período de preparativos para o plantio” de 2020/21, que se inicia em setembro.
Os indígenas reivindicam a renovação do Plano Básico Ambiental (PBA), pedem mais atenção para a saúde devido à pandemia de Covid-19 e se posicionam contra a construção da ferrovia Ferrogrão sem que eles sejam ouvidos, uma vez que o projeto prevê a construção dos trilhos perto de suas terras.
Segundo a PRF de Sorriso (MT), houve uma reunião nesta quinta-feira com Doto Takaire, um dos líderes do movimento indígena, sobre o andamento das negociações da Fundação Nacional do Índio (Funai) com os kayapós.
O protesto acontece apesar de a Justiça Federal ter concedido na última segunda-feira decisão para reitegração de posse do local, a pedido da União, para a liberação da rodovia.
Na quarta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com recurso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, contra ordem de reintegração de posse, alegando que tem o dever constitucional de proteger direitos indígenas e precisaria ter sido intimado sobre o pedido para ter oportunidade de se manifestar.
Fonte: Reuters