Ao perder o embate de dois meses pelo controle da cimenteira Cimpor, uma tacada ousada de US$ 5,53 bilhões que surpreendeu o mercado e investidores em ações da companhia, mais uma vez o projeto de internacionalização da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) acaba em fracasso. Nesta década, todas as tentativas de Benjamin Steinbruch, principal acionista da companhia, acabaram em insucesso.
O resultado da oferta (OPA) da CSN mostrou ontem que apenas acionistas detentores de 8,56% das ações da Cimpor aderiram à proposta da siderúrgica brasileira. Já os grupos Camargo Corrêa e Votorantim, por meio de aquisições diretas de participações de acionistas com grande peso na cimenteira, arremataram, respectivamente, 31,1% e 21,2% do capital.
A derrota na disputa pela cimenteira portuguesa, contudo, não significa dizer que a empresa comandada por Steinbruch está fora do jogo no processo de consolidação que diferentes setores vêm vivenciando mundialmente. As linhas de crédito disponíveis em vários bancos, abertas em consequência da tentativa de levar a Cimpor, e a própria natureza do empresário, que declaradamente está aberto a oportunidades de negócios com margens de retorno elevadas, podem render novos lances da CSN no curto e médio prazos, avaliam analistas.
Para Leonardo Alves, da Link Investimentos, a CSN deverá buscar outras oportunidades, não necessariamente na área de cimento. "A CSN tem linhas com os bancos e não deve ficar parada. Não foi tão negativo", observa. Pelas regra portuguesa, a CSN não pode lançar uma nova oferta pela Cimpor no prazo de um ano e, nesse caso, resta à siderúrgica aguardar o posicionamento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a entrada de Camargo Corrêa e Votorantim no quadro de acionistas da Cimpor.
Para o analista da corretora SLW, Pedro Galdi, no curto prazo, a derrota da CSN é positiva, uma vez que elimina o risco de endividamento elevado e alteração na estrutura de capital da companhia de aço que estavam pesando negativamente sobre as ações da siderúrgica. "Mas a CSN perde uma grande oportunidade de ganhar musculatura rapidamente. Não há tantas oportunidades assim de aquisição de grandes grupos de cimento", pondera.
Até hoje, a CSN só fez duas aquisições no exterior, mas se trataram de ativos de pouca expressão no contexto internacional. A compra de uma laminadora de aços planos em Terre Haute, 400 km ao sul de Chicago, nos EUA, e a Lusosider, unidade siderúrgica portuguesa também de de laminação, próximo de Lisboa, com capacidade na casa de 400 mil toneladas de produtos ao ano.
O primeiro movimento de fato para se internacionalizar foi uma complexa operação de associação com a Corus, siderúrgica anglo-holandesa, em 2002. O projeto dava à CSN maioria no capital da nova empresa, que uniria os ativos das duas empresas no Brasil, Reino Unido, Holanda e outros países da Europa. Devido a elevados problemas financeiros da Corus, o plano não foi adiante.
No segundo semestre de 2006, outra vez a Corus voltou ao radar da CSN. Steinbruch entrou numa disputa acirrada com a indiana Tata Steel que só terminou em janeiro de 2007. A Tata foi vencedora, em leilão fechado em Londres, mas teve de pagar uma fatura salgada pelo ativo - US$ 13 bilhões.
Entre 2006 e 2007, a CSN disputou outros ativos, desta vez nas Américas. Logos depois de perder a Corus, entrou no leilão da Acerías Paz del Rio, na Colômbia, que acabou em mãos do grupo Votorantim. No ao anterior, nos EUA, tentou fazer uma fusão de sua laminadora americana com a falida Wheeling-Pittsburgh. A proposta de um grupo distribuidor de aço, o Esmark, agradou mais os acionistas da Wheeling-Pittsburgh.
Em outro negócio, a CSN tentou levar uma unidade da
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