Para a entidade, tendência de desaceleração é "clara", e a economia brasileira corre o risco de voltar a ter apenas "voos de galinha", segundo análise divulgada nesta quinta-feira (13/10).
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a desaceleração da economia já é evidente, e está sendo puxada pela indústria, prejudicada sobretudo pela taxa de câmbio.
"A situação parece estar caminhando para um novo voo de galinha", afirma Roberto Messenberg, coordenador técnico do Grupo de Análises e Previsões do Ipea. Ele participou da elaboração da Carta de Conjuntura Trimestral, divulgada nesta quinta-feira (13/10) pela entidade.
A principal conclusão da carta é que a indústria é a primeira atingida pela desaceleração na economia brasileira. Embora o consumo e o mercado de trabalho estejam aquecidos, o longo período em que o real ficou valorizado não permitiu que a indústria aproveitasse essa demanda.
Para o economista, a recente alta do dólar ainda não compensa o longo período em que a moeda ficou desvalorizada. Com isso, houve acúmulo de estoques, e a atividade foi reduzida.
"A indústria não está com condição de competir com importados e não tá com condição de exportar", diz.
Com isso, a crise nos países desenvolvidos atingiu a indústria em um momento vulnerável. Segundo Messenberg, a principal via de contaminação dessa crise é a redução da confiança dos empresários.
"A desaceleração da economia mundial por um lado reduz o preço das commodities, que o Brasil exporta. Por outro, afeta as expectativas dos empresários, setor que é por excelência um realizador de investimentos."
Confirmando esse prognóstico, o Banco Central divulgou nesta quinta-feira o IBC-Br, que mede a expansão da economia mundial. Na segunda retração desde o início da série (a primeira foi em junho deste ano), o indicador teve baixa de 0,53% em agosto.
"Esse indicador vai exatamente na direção do que estou dizendo", diz Messenberg. O economista admitiu que será pouco provável que o país tenha um crescimento acima de 4%. "Ao longo do tempo a economia vai crescendo, mas é uma situação medíocre", diz.
Ele aprovou o recente corte de juros realizado pelo Banco Central (BC), que deve evitar uma queda ainda maior do investimento. No entanto, ele alerta que isso não será suficiente para levar a economia a um nível elevado.
"Temos uma fragilidade da economia, que é uma taxa de investimento muito baixa, em torno de 18% do PIB, e vai precisar de investimento público", diz. Na carta de conjuntura, o Ipea defende um aumento dos níveis de investimento público visando reduzir os custos de logística, reduzindo os custos para as empresas.
Ele criticou o corte de investimentos na hora de elevar o superávit primário. "Isso aprisiona em baixo crescimento, e com pressão inflacionária, porque não permite expandir a oferta na economia."
Fonte: Brasil Econômico
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