Em mais uma demonstração de confiança das empresas estrangeiras na recuperação da economia brasileira, os leilões de usinas hidrelétricas e de blocos para exploração de petróleo realizados ontem superaram, com folga, as expectativas. No caso da relicitação das usinas, o governo federal conseguiu arrecadar R$ 12 bilhões em outorgas, R$ 1 bilhão acima do valor mínimo. Já a 14ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP) gerou R$ 3,84 bilhões ao Tesouro Nacional, mais de R$ 3 bilhões além do esperado.
O maior destaque do leilão das usinas que pertenciam à estatal mineira Cemig foi a chinesa SPIC Overseas, que arrematou a concessão de São Simão, a maior das quatro hidrelétricas ofertadas. A empresa se comprometeu a pagar R$ 7,18 bilhões em outorga, com ágio de 6,51% sobre o valor mínimo estabelecido pelo governo.
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A SPIC Overseas tinha atuação discreta no Brasil, por meio da Pacific Hydro, adquirida no início deste ano. A empresa opera dois parques eólicos no Nordeste, que somam apenas 58 megawatts (MW) de potência. Os chineses vinham negociando com Odebrecht e Cemig a compra de suas participações na usina de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), mas as negociações foram suspensas há pouco mais de um mês por falta de acordo.
As outras três hidrelétricas foram arrematadas por estrangeiras já veteranas no Brasil. A franco-belga Engie ficou com as usinas de Jaguara e Miranda - respectivamente, por R$ 2,17 bilhões e R$ 1,36 bilhão, ágios de 13,59% e 22,43%. No caso de Volta Grande, a italiana Enel foi a única a apresentar oferta. Vai pagar outorga de R$ 1,29 bilhão, ágio de 9,85%.
Nos leilões da ANP - o primeiro de exploração "offshore" em dez anos na Bacia de Campos -, o consórcio formado por Exxon Mobil e Petrobras arrematou seis áreas. O valor arrecadado é o maior da história quando considerados os leilões sob o regime de concessão. A disputa marcou a volta da Exxon ao Brasil, além das estreias da americana Murphy Oil e da chinesa CNOOC.
Fonte: Valor