Entre 2008 e 2012, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou R$ 7,58 bilhões referentes à Linha de Internacionalização. Inaugurada em 2005, essa linha de financiamento é uma evolução natural do apoio do banco à exportação e à competitividade das empresas brasileiras no mercado externo. Destinada principalmente a empresas com faturamento anual acima de R$ 300 milhões, que apresentem um plano de negócios amadurecido e com condições de obter vantagens competitivas no ambiente internacional, a linha de financiamento tem ajudado empresas nacionais a se estabelecerem em mercados da América Latina, África, EUA, Europa e Ásia, com destaque recente para o México.
Sérgio Földes, superintendente da Área Internacional do BNDES, explica que, com a abertura dos mercados e o processo de globalização, as empresas tiveram mais oportunidades de desenvolver um processo de internacionalização. "O movimento pela busca de competividade tem aproximado as empresas brasileiras dos mercados mundiais. Assim, houve um movimento natural dos exportadores brasileiros em procurar oportunidades para estabelecer escritórios de representação, atividades comerciais e de logística, pontos de assistência técnica e até mesmo instalar uma parte da produção no exterior, já que hoje temos cadeias produtivas muito segmentadas."
De acordo com Földes, no início, a Linha de Internacionalização estava muito atrelada à comprovação do aumento de exportações e, ao longo do tempo, foi se estabilizando. "A linha continua muito relacionada ao comércio exterior, mas representa hoje um passo além das exportações para quem busca competitividade nos mercados internacionais", comenta.
Para aproveitar as vantagens trazidas pela internacionalização, como a diversificação dos sistemas para distribuir a produção e o acesso a múltiplos mercados, os candidatos à obtenção do financiamento precisam passar pelos rigorosos critérios do banco. Essa análise inclui, além de um plano de negócios bem estruturado, comprovações de condições de crédito e questões legais. Földes explica que os critérios obedecem ao mesmo rigor para concessão de crédito em operações nacionais.
"Não é simples instalar uma operação no exterior, é como abrir uma empresa e conquistar mercados. A linha está aberta a todos os setores e empresas de todos os portes. Porém, ela precisa estar muito madura no mercado brasileiro para poder crescer em outros. É óbvio que os custos de entrada variam de acordo com a área de atuação, por exemplo, no ramo de software, o processo é mais fácil", diz Földes.
Na visão do BNDES, as empresas de grande porte têm mais condições de captar recursos no mercado internacional, por isso a linha é mais voltada para empresas de médio porte, que podem usufruir da personalização do produto. "A partir de um faturamento anual em torno de R$ 300 milhões, a empresa já atingiu massa crítica para se internacionalizar", ressalta.
Földes diz que a linha pode oferecer vantagens em relação a outras instituições financeiras internacionais. Uma delas está relacionada aos prazos concedidos pelo financiamento. Ele explica que o prazo médio praticado no mercado é de cinco anos, enquanto o BNDES oferece em média oito anos, podendo aumentar de acordo com as condições presentes no plano de negócios de quem está pleiteando o financiamento.
O movimento de apoio à internacionalização no BNDES teve origem no estímulo à exportação. No início dos anos 90, os empresários brasileiros que queriam um apoio para exportar não tinham à sua disposição, como ocorria em outros países, agências de crédito para esse tipo de operação. O governo confiou ao BNDES a missão de oferecer aos exportadores instrumentos de créditos semelhantes aos que seus concorrentes contavam em seus países de origem.
"Até a entrada do BNDES nesse segmento, o Brasil não tinha uma agência de crédito. Isso colocava as empresas brasileiras em uma posição de desvantagem competitiva. Com a BNDES Exim, criada em novembro de 1990, tivemos como oferecer um apoio às exportações brasileiras, sobretudo, na área de bens de capital", diz Luciene Machado, superintendente da Área de Exportações do banco.
Luciene explica que a linha para o fomento das exportações atua em duas frentes, no pré-embarque e no pós-embarque. No primeiro momento, ela é voltada para os investimentos na qualidade do produto que será exportado. E no pós-embarque, o objetivo é levar oferta de crédito para que o comprador, no exterior, enxergue vantagens competitivas em optar pelo produto brasileiro. "Nosso foco são aos países da América Latina e os da África, onde queremos ganhar mais mercados além de Angola e Moçambique", diz Luciene.
Desde o início de operação da linha de financiamento para exportações, o BNDES desembolsou aproximadamente US$ 117 bilhões, somando operações de pré-embarque e pós-embarque. Nos últimos dez anos, foram beneficiados 1.028 exportadores. As principais demandas estão relacionadas às empresas de bens de capital, com ênfase nos setores de material de transporte, máquinas e equipamentos e autopeças.
Fonte:Valor Econômico/Suzana Liskauskas | Para o Valor, do Rio
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