O lucro líquido da Vale no segundo trimestre do ano somou R$ 60 milhões, recuo de 98,3% em relação ao observado no mesmo intervalo do ano anterior. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a retração foi de 99,2%.
A forte queda do lucro é reflexo da queda do preço do minério de ferro no período analisado e ainda por conta da valorização do dólar em relação ao real, que afeta o resultado financeiro da empresa.
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Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a retração foi de 99,2% Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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"O prêmio significativo do minério de ferro 65% foi compensado pelo grande desconto em alguns produtos de baixo teor de ferro e alta sílica que tiveram de ser vendidos diretamente sem blendagem", destaca a companhia no documento que acompanha seu demonstrativo financeiro.
A geração de caixa medido pelo Ebitda (lucro antes de juros,impostos, depreciação e amortização) ajustado foi a R$ 8,834 bilhões, aumento de 7,4% na relação anual, porém recuo de 34,7% no comparativo trimestral.
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A receita operacional líquida subiu 8,3% no segundo trimestre do ano para R$ 23,363 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre do ano houve uma queda de 12,6%.
Investimentos. Os investimentos da Vale no segundo trimestre do ano caíram 31% ante o mesmo intervalo para US$ 894 milhões. Em relação trimestre imediatamente anterior, a queda foi de 19,7%.
No primeiro semestre, os investimentos da maior mineradora do mundo chegaram em US$ 2,007 bilhões. Para o ano, a companhia havia divulgado que seu investimento seria da ordem de US$ 4,5 bilhões.
Nova direção. Em sua primeira teleconferência como presidente da Vale, Fabio Schvartsman disse que o objetivo da Vale não é bater meta de produção. Antes o diretor de ferrosos da Vale, Peter Poppinga, disse que a meta de volume de 400 milhões de toneladas de minério de ferro não será atingida em 2018.
Já na semana passada, a companhia havia informado ao mercado que sua produção em 2017 ficaria no piso de seu guindace, entre 360 milhões de toneladas e 380 milhões de toneladas.
Poppinga disse que a entrada de novas capacidades de minério de ferro neste ano no mercado transoceânico deverá ser da ordem de 60 milhões de toneladas, ou seja, metade do volume do ano passado. Para 2018, o executivo disse que não espera uma "enxurrada" de capacidade, tendo em vista que grande parte do minério novo a ingressar no mercado será da própria Vale. Para este ano, o preço visualizado pela empresa é em torno de US$ 70 a tonelada.
O projeto S11D, que iniciou produção no ano passado, deverá atingir 25% de sua capacidade nominal até o fim do ano, destacou o executivo.
Para Poppinga, a substituição de 19 milhões de toneladas de minério de menor qualidade pelo minério produzido no Norte deve reverter neutralização de prêmio de Carajás. "A retirada desse volume vai afetar não o custo, mas a realização de preços da Vale", disse.
Já a busca de parcerias estratégicas, que estava sendo um caminho seguido na gestão de Murilo Ferreira, não deverá ter prosseguimento sob a direção de Fabio Schvartsman.
"Não tenho predileção por parcerias estratégicas. A Vale tem muito potencial de crescimento a partir de sua própria posição atual", disse. Segundo ele, a companhia seguirá focada neste momento em realizar um trabalho dentro de casa e que a busca de parcerias estratégicas é uma forma de resolver um problema com a "ajuda dos outros". "Precisamos fazer a lição de casa para fazer voos mais ousados", disse.
Schvartsman afirmou ainda que diversificar é importante para a companhia não ser dependente de uma única commodity, como é hoje. No entanto, disse que esse movimento será feito se forma muito cautelosa e que está completamente descartada a hipótese de vendas de ativos de minério de ferro.
O executivo disse que, neste momento, a companhia irá olhar para os ativos que já tem em seu portfólio. Citou, mais uma vez, a operação de níquel, que precisa se tornar rentável.
A Vale tem como estratégia, como toda empresa, disse, o crescimento orgânico, mas que não colocará dinheiro em aumentar produção em mercados em que já existe excesso de capacidade.
Fonte: Estadão