O minério de ferro iniciará 2012 com preços em queda, depois de dois trimestres de estabilidade no mercado livre da China, quando a cotação média trimestral foi de US$ 177. No último mês, ficou em US$ 175. Após algum tempo sem tendência definida, o produto tem caído nas últimas duas semanas. Na terça-feira fechou em US$ 165 a tonelada. A expectativa é de chegue a US$ 155. O limite de resistência para baixo que as mineradoras querem testar é de US$ 150, quando bate no custo marginal do minério produzido pelas pequenas mineradoras chinesas.
Analistas de grandes bancos, como Deutsche e Credit Suisse projetam para o período setembro-novembro média de US$ 160 no 'spot' chinês. É essa média que vai balizar o preço do minério da Vale entre janeiro e março de 2012. Fontes consultadas pelo Valor consideram que US$ 160 é uma média factível. Se isso se confirmar, o preço do minério da Vale pode recuar para US$ 140 (já com descontos para os clientes), ante US$ 143 no segundo trimestre, US$ 149 no terceiro e US$ 150 no quarto de 2011. O Deutsche trabalha com média anual do 'spot' de US$ 174,70 e o Credit, US$ 174. Para 2012, apontam, respectivamente, US$ 163,8 e US$ 153.
Caso esse cenário se confirme, será bom para as siderúrgicas, uma vez que os preços do o carvão também poderão declinar para US$ 275, segundo o Deutsche.
Apesar de a China continuar demandando minério, as mineradoras não estão otimistas com a situação da Europa, informa Rodrigo Barros, analista de mineração e siderurgia do Deutsche. Elas temem que a crise na zona do euro seja de difícil solução e possa trazer volatilidade ao mercado.
No momento, minério destinado a portos da Europa está sendo transferido para a China. Segundo Barros - que acabou de retornar de uma viagem ao Japão, Hong Kong e China, onde participou de uma conferência da China Iron and Steel Association (Cisa) -, o volume extra de minério que chegou ao mercado chinês foi comprado pelas siderúrgicas locais, que estavam em fase de reestocagem do produto. Isso ajudou a sustentar os preços do 'spot'. As mineradoras temem que este excedente ajude a baixar preços.
O Deutsche desenha um quadro de desaceleração da economia chinesa no primeiro trimestre, com recuo do PIB para 6,8% devido a medidas anti-inflacionárias do governo (redução da liquidez, combate à inflação e à especulação imobiliária). A queda do PIB, porém, estimularia as autoridades a lançar mais um plano de investimento para retomar a taxa de crescimento de 9% em 2012. "Vemos esse período de acomodação da economia chinesa com um pouco de cautela", disse Barros.
Segundo ele, entre 30 empresas - mineradoras, siderúrgicas e de navegação -, com as quais conversou há um consenso de que o ritmo atual de expansão de 9% ao ano da China é exagerado. "Na média das expectativas dessas empresas, o PIB potencial do país deve ficar na faixa de 7% até 2015". O economista Nouriel Roubini prevê 5%.
Relatório de Ivan Fadel e Carlos Louro, do Credit, sobre o setor de metais na América Latina, prevê ajuste no preço do minério em 2012 na média de US$ 152,50 a tonelada conforme o Índice Platts. Esse valor representa queda de 0,8% comparado a este ano. Para o carvão metalúrgico, o banco suíço trabalha com uma projeção de US$ 250 a tonelada no próximo ano, ante US$ 288,75 em 2011.
(Fonte: Valor Econômico/Por Vera Saavedra Durão | Do Rio)
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