Em meio às dificuldades que várias empresas vêm tendo este ano para abrir o capital na bolsa, a Mills - da área de serviços de engenharia - encerrou, na semana passada, a oferta pública inicial de ações e colocou em caixa R$ 410 milhões para investir no crescimento orgânico da companhia. Os recursos serão usados na compra de equipamentos e para quase dobrar as filiais pelo Brasil, que devem passar das 20 de 2009 para 38 no fim de 2011. Também podem ocorrer aquisições estratégias de empresas que atuam nos mesmos segmentos da Mills: infraestrutura, construção predial e óleo e gás.
Ramon Vazquez, presidente da Mills, avaliou que no atual cenário a oferta foi bem-sucedida. "Nós e os bancos que nos assessoraram consideramos a operação um sucesso", disse Vazquez. A avaliação se justifica, segundo ele, pelo desconhecimento que o mercado tinha em relação ao negócio da Mills e pela dificuldade de comparação da empresa com concorrentes semelhantes. Também é preciso considerar o momento em que ocorreu a oferta de ações da Mills.
"O mercado vinha de uma situação em que grandes empresas não tinham conseguido precificar e, nesse ambiente, conseguimos levantar um capital considerado bom para a companhia", disse o executivo. Dias antes da operação da Mills, a OSX, do grupo EBX, teve que reduzir o preço mínimo sugerido para as ações da empresa, o que criou um clima negativo para a oferta da própria Mills. Mesmo assim, a empresa conseguiu captar R$ 685,7 milhões na oferta de ações ordinárias, dos quais R$ 410 milhões corresponderam à oferta primária, dinheiro que foi para o caixa da empresa. A diferença, de R$ 275 milhões, refere-se à oferta secundária, de acionistas da empresa que se desfizeram de parte de suas ações.
A operação foi concluída ao preço de R$ 11,50 por ação, o que representou o piso de um intervalo cujo teto era R$ 15,50. A quantidade total de ações ofertada foi acrescida de 15% nas mesmas condições e no mesmo preço da oferta base. Também havia a possibilidade de se colocar um lote adicional de até 14,9% das ações inicialmente ofertadas, mas a empresa desistiu.
Um dos aspectos positivos da oferta foi a entrada na empresa do fundo de investimentos americano Capital Group. Em abril, a Mills informou ao mercado que havia recebido comunicação do Capital Group segundo o qual o fundo havia adquirido 5,64% do total das ações ordinárias emitidas pela companhia. O Capital passou a ser, junto com a Staldzene, uma das instituições com participação acionária superior a 5% na Mills.
A Staldzene é o veículo de participação da família Nacht, controladora da Mills, e de executivos da empresa, incluindo Ramon Vazquez. Depois da oferta, a Staldzene ficou com 46% da Mills e outros 47,9% ficaram no mercado. Dois fundos de participação - da Axxon e do Investidor Profissional - venderam parte de suas participações e ficaram com 3,1% da empresa cada um.
Vazquez disse que, apesar de o mercado ter ficado desfavorável para os vendedores, os investidores viram na Mills uma oportunidade única de investir no Brasil em infraestrutura, em construção e no setor de óleo e gás. "Esse foi um dos pontos que atraíram os investidores para nossa oferta inicial de ações", disse Vazquez. As ações foram demandadas em grande parte por investidores de longo prazo, disse Vazquez. Da oferta total, 37% foi colocada no Brasil, 43% nos Estados Unidos, 14% na Europa e 6% em outras partes do mundo.
Agora um dos esforços será expandir a rede de filiais para atender clientes dos diferentes setores nos quais a empresa atua. Em 2010, a Mills vai abrir 11 filiais. A expansão geográfica passa por estar presente em Estados onde até agora a empresa não estava, caso de Pernambuco, Rio Grande do Sul e Paraná.
Fonte: Valor Econômico/ Francisco Góes, do Rio
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