O pregão mais curto desta quarta-feira de cinzas enxugou a liquidez da bolsa brasileira, que operou sem direção a tarde toda, mesmo com o vencimento de índice futuro e opções sobre o Ibovespa. Apenas após o exercício, no fechamento da sessão, o volume engordou, saltando da casa dos R$ 4 bilhões às 17h20 para R$ 12 bilhões, já incluindo os papéis exercidos.
Alguns papéis como LLX e Qualicorp se destacaram por causa de notícias divulgadas após o fechamento de sexta-feira. Também houve ajustes em algumas ações em função das movimentações com recibos de ações negociados em Nova York (ADRs) na segunda e terça-feira, quando o mercado brasileiro estava fechado.
Havia muita expectativa no fim da semana passada por conta do vencimento, já que o investidor estrangeiro tinha uma posição líquida de cerca de 100 mil contratos de venda do índice. Mas, segundo operadores, boa parte desses contratos teria sido rolada para o próximo vencimento, de abril, o que sinaliza que o estrangeiro continua pessimista em relação ao comportamento do mercado brasileiro.
Além do pregão mais curto, a agenda fraca lá fora nesta semana e o feriado de Ano Novo na China também colaboraram para o ritmo mais lento dos mercados hoje. O estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, lembrou ainda que as bolsas americanas “estão batendo no teto”, sem forças para novas altas, o que também reforça esse clima de “esperar para ver o que vai acontecer”.
O Ibovespa fechou em baixa de apenas 0,16%, aos 58.405 pontos, depois de flertar pelo terreno positivo por alguns momentos. O volume financeiro alcançou R$ 11,694 bilhões, sendo R$ 3,425 bilhões referentes ao exercício de opções do índice. Desse montante, as opções de venda foram maioria, com R$ 3,124 bilhões exercidas, e destaque para a opção de venda a 60 mil pontos, que girou R$ 1,287 bilhão, segundo dados preliminares.
Em Nova York, por volta das 18 horas, o índice de ações Dow Jones recuava 0,51%, o Nasdaq subia 0,03% e o S&P 500 tinha baixa de 0,22%.
Entre as ações mais negociadas, Vale PNA perdeu 0,87%, a R$ 37,41, OGX ON marcou baixa de 1,56%, a R$ 3,77, e Petrobras PN subiu 0,33%, a R$ 17,80. Já Petrobras ON operou descolada da ação PN e recuou 0,81%, a R$ 15,87. O motivo foi o mesmo dos últimos pregões: a redução do dividendo pago a essa classe de ação.
Hoje, o descolamento foi maior, refletindo o ajuste em relação aos ADRs, que foram negociados normalmente ontem e segunda-feira. Nesses dois dias, o recibo da ON negociado na bolsa americana recuou 0,74%, enquanto o ADR da PN subiu 1,11%.
JBS ON (+3,24%) liderou os ganhos do Ibovespa, ao lado de Gol PN (+2,68%) e Usiminas ON (+2,38%). JBS se beneficiou da notícia de que o Brasil conseguiu manter o status de “país com risco insignificante” para a doença da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina) segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês). Marfrig ON (+2,12%) e Minerva ON (+1,58%) também encerraram em alta.
Gol PN refletiu a aprovação, pelo conselho de administração da empresa aérea na sexta-feira, da realização da oferta inicial do Smiles, a empresa resultante de seu programa de fidelidade.
Na outra ponta do Ibovespa ficaram LLX ON (-5,44%), Oi ON (-5,06%) e Oi PN (-2,92%). Os papéis da empresa de logística de Eike Batista caíram após a norueguesa Subsea 7 desistir de se instalar no porto de Açu. A empresa de fornecimento de serviços para exploração de petróleo renderia R$ 21 milhões por ano à LLX. A notícia se junta a uma série de outras desistências relevantes de instalações na área do porto de Açu.
Fora do Ibovespa, o destaque foi a administradora de planos de saúde Qualicorp ON, que mergulhou 6,47%, a R$ 19,50, com forte giro de R$ 73 milhões. A superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sugeriu na sexta-feira a reprovação da compra da Aliança Administração de Benefícios e GA Consultoria pela Qualicorp. O caso ainda será julgado pelo plenário do órgão de defesa da concorrência.
Fonte: Valor / Téo Takar
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