Estratégia: Trading planeja investir US$ 150 milhões em nova planta
O Noble Group, trading de commodities com sede em Hong Kong, vai investir cerca de US$ 150 milhões para erguer sua primeira esmagadora de soja no Brasil. Em entrevista ao Valor, o CEO global da companhia, o brasileiro Ricardo Leiman, disse que a planta terá capacidade para processar 1,3 milhão de toneladas do grão por ano.
"Decidimos construir nossa primeira planta no Estado de Mato Grosso", disse, sem divulgar o local exato. A companhia está preparando sua base na América do Sul para abastecer o mercado chinês, onde o grupo é o terceiro maior processador, com sete unidades em operação. A expectativa é de que as obras comecem "no mais tardar no início de 2011" para estar a pleno vapor já em 2012.
Na Argentina, a empresa acaba de concluir aportes de US$ 200 milhões na construção de uma esmagadora de soja, na região de Santa Fé, com capacidade para 3 milhões de toneladas/ano. "Começamos a operar essa unidade em abril". Essa planta poderá dobrar de tamanho nos próximos anos.
A trading possui cerca de 50 mil hectares plantados com grãos na Argentina e Uruguai. No Brasil, o grupo ocupa uma área de 125 mil hectares com cana. Além da originação de grãos, a trading tem duas usinas de açúcar e álcool no país - uma delas, o projeto Meridiano, entrará em operação em agosto em São Paulo. "Temos interesse em ampliar nossa atuação nesse segmento, seja por meio de projetos 'greenfields' [construção] ou via aquisições ['brownfield']", afirmou. De acordo com Leiman, a empresa já participa de alguns processos de fusões e aquisições, mas não dá mais detalhes.
No início deste ano, o executivo, que ocupava o cargo de diretor de operações do grupo, tornou-se o CEO global da companhia, uma das maiores tradings do mundo, incluindo commodities agrícolas, metais e minério. O foco da companhia também está na logística, com investimentos em terminais portuários e combustíveis.
"Já fazemos originação de soja do Brasil, Argentina e dos EUA. Agora queremos ser processadores. No Brasil também temos infraestrutura para armazenagem de café e grãos. Começamos a operar um armazém de café em Alfenas [MG] e vamos construir outro para algodão em Luiz Eduardo Magalhães [BA]", afirmou. A empresa já adquiriu o terreno no oeste baiano para dar início à construção de infraestrutura de armazenagem do produto.
No país, a empresa também pretende estabelecer a relação de troca de insumos para financiar a safra dos agricultores. Com misturadoras arrendadas, o executivo afirmou que o grupo poderá investir nessa área para ampliar sua participação no negócio.
Com faturamento de US$ 31 bilhões em 2009, o Brasil respondeu por uma pequena fatia dessa receita - cerca de US$ 600 milhões. "Nossa expectativa é encerrarmos este ano com vendas de US$ 1,5 bilhão no país." Para 2010, a receita global do grupo poderá alcançar US$ 40 bilhões, segundo Leiman. "No primeiro trimestre, registramos receita de US$ 11,4 bilhões."
A empresa também recém-concluiu dois pesados investimentos para ampliar sua presença em terminais portuários no país. O terminal 12-A, de Santos (SP), no qual a companhia tem participação de 75%, recebeu aportes de US$ 48 milhões para escoamento a granel de açúcar, soja em grão e farelo. "Vamos fazer o nosso primeiro carregamento de açúcar esta semana", disse. Em Itaqui (MA), a companhia colocará em operação em julho seu terminal líquido para todos os tipos de combustíveis. Esse terminal recebeu investimentos da ordem de US$ 45 milhões.
"Nos últimos dois anos, tínhamos anunciado, durante a crise, grandes projetos de construção de terminais, usinas e armazéns. Agora, temos que operá-los e torná-los rentáveis para que possamos anunciar novos investimentos", disse Leiman.
Fonte: Valor Econômico/ Mônica Scaramuzzo, de São Paulo
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