The New York Times Heinrich Hiesinger foi contratado como presidente-executivo da ThyssenKrupp em 2011 para limpar e modernizar a perene gigante da indústria alemã, depois de uma tentativa desastrosa de se expandir mundialmente durante a crise financeira. Desde então, ele vem implementando um plano de reforma que inclui reduzir os prejuízos na siderurgia e reforçar negócios que ele considera mais promissores, como a fabricação de elevadores e o projeto e construção de fábricas.
Mas a companhia, uma das maiores produtoras de aço da Europa, continua a sofrer pesados prejuízos –cerca de € 6,6 bilhões (US$ 9 bilhões) nos dois últimos anos–, e continua emaranhada em escândalos. Agora, está enfrentando a erosão do apoio que recebe da fundação da família Krupp, que é o acionista controlador do grupo desde o final dos anos 90.
Alguns dos esforços mais importantes de Hiesinger para resolver os problemas da ThyssenKrupp ficaram aquém das expectativas. A companhia informou em 29 de novembro que venderia sua usina de acabamento de aço em Calvert, Alabama, a uma joint venture formada pela ArcelorMittal e a Nippon Steel & Sumitomo Metal, por US$ 1,55 bilhão, menos de um terço dos US$ 5 bilhões gastos na construção da usina norte-americana.
Até o momento, Hiesinger não conseguiu encontrar comprador para uma usina siderúrgica no Rio de Janeiro, a CSA, associada à unidade norte-americana. As duas foram construídas do zero, como parte de um programa de expansão internacional de US$ 12 bilhões iniciado em um momento nada oportuno, em 2006.
A ideia era produzir placas de aço bruto a baixo custo no Brasil e enviá-las ao Alabama para laminação e revestimento, e uso nas indústrias automobilística e de energia, que estão em expansão. Mas o plano saiu completamente dos trilhos, com a alta dos custos no Brasil e o colapso da demanda nos Estados Unidos.
Hiesinger também teve de contemplar o fracasso parcial dos arranjos que ele organizou em 2012 para a cisão da deficitária divisão de aço inoxidável da ThyssenKrupp.
"É um passo à frente e dois para trás", diz Jeff Largey, analista da Macquarie Securities, em Londres.
As decisões que Hiesinger tomar nos próximos anos terão papel importante em determinar o futuro de uma das maiores, e historicamente mais influentes, empresas da Alemanha e da Europa.
Todas as ações dele serão acompanhadas de perto por uma administradora de investimentos ativista chamada Cevian Capital, que aproveitou as dificuldades da empresa para montar uma posição acionária de 11% do capital da empresa. Até o momento, a companhia vem apoiando Hiesinger.
Mas haverá limites para a paciência dos investidores. A companhia cancelou seu dividendo, em dezembro de 2012, pelo segundo ano consecutivo. E o preço de suas ações caiu em 4% ao longo do ano passado, apesar da alta do mercado em geral.
Parte do problema, dizem alguns observadores de dentro da companhia, é uma abordagem antiquada sobre como fazer negócios. Um importante executivo contratado por Hiesinger diz que os gestores da empresa, que fabrica produtos tão variados quanto submarinos, estruturas para construção civil, turbinas eólicas e virabrequins para automóveis, não usam seu poder de compras como grupo, e tampouco parecem compreender as mais recentes nuanças do negócio do aço, ainda sua atividade principal.
"A sensação era de ter chegado a uma companhia que estava dez anos para trás", disse o executivo, que falou sob a condição de que seu nome não fosse mencionado porque não está autorizado a discutir o assunto publicamente. "Era uma rede de compadres".
Ao planejar o futuro, Hiesinger terá de decidir até que ponto deve desmontar a companhia, com a venda de algumas unidades. Ele pode desejar vender algumas de suas muitas operações siderúrgicas e negócios como as autopeças, a fim de levantar dinheiro para aquisições em segmentos como os elevadores e a mecânica pesada, dizem engenheiros. Ele também precisará ponderar se levantar mais capital para aquisições pode alienar os investidores já inquietos.
As melhoras na economia mundial, incluindo a Europa, devem ajudar a maior parte dos negócios da Thyssen.
A Cevian, a administradora ativista de fundos de investimento, sente que algumas divisões estão "apresentando desempenho inferior ao de seus pares", de acordo com uma pessoa que conhece o assunto mas pediu que seu nome não fosse mencionado porque não está autorizado a discuti-lo publicamente.
Ainda assim, disse a pessoa, os investidores acreditam que Hiesinger está "começando a implementar as medidas certas para colocar essas divisões nos eixos".
Fonte:Folha de São Paulo/STANLEY REED DO "NEW YORK TIMES"
PUBLICIDADE