A chegada dos trilhos da Ferronorte a Mato Grosso gera novo impulso ao ramo de mineração no Estado. Se o boom da atividade mineral foi em grande parte estimulado pelo “efeito China” do início da década, pela voracidade do gigante asiático em adquirir recursos naturais essenciais à indústria de base e à construção civil, os empresários hoje têm ainda mais motivos para comemorar e, claro, apresentam mais exigências no que se refere à atuação governamental. A nova malha ferroviária cortará regiões estratégicas para a produção de minério em Mato Grosso: esse é o motivo de comemoração que, logo, leva às cobranças. Como apontam representantes do setor, o soar do apito do trem deve despertar a vontade política de garantir estruturas necessárias para o bom aproveitamento do fluxo de minérios, que será maior a partir das operações na ferrovia.
Ao longo do trecho da Ferronorte, serão vários pontos de transposição de mercadorias: Rondonopólis, Cuiabá. Assim, haverá a convergência de infraestrutura no Estado, justamente uma das principais áreas mineradoras do País, com a nova descoberta de uma das maiores jazidas de ferro na região de Cáceres. E é com o intuito de aproveitar o entroncamento ferroviário e a convergência logística que os empresários do ramo, já negociam com o governo do Estado.
“O governo tem duas opções: ou ele monta um polo mínero-industrial nessa cidade ou pode montar uma arquibancada na beira da ferrovia. Caso ele opte pela segunda, quando a locomotiva passar repleta de minérios, aos matogrossenses só restará gritar: ‘ê trem bão’! Esse é o espírito. O polo é fundamental”, comenta o especialista em logistica, Luiz Antônio, em tom de chiste, mas de alerta sério.
Aos políticos, as principais cobranças do empresariado referem-se ao suprimento de energia; ao estímulo de pesquisas e aquisição de tecnologias que incrementem a descoberta de jazidas, a exploração e o beneficiamento de minérios; à consolidação de fundos exclusivos destinados à mineração; e, por fim, à adequação de uma política fiscal eficiente.
Nesse contexto de importância do setor, a instauração de um polo mínero-industrial na região seria ardilosa não somente pela coincidência de a riqueza mineral e as linhas férreas existirem em um mesmo local, mas também pelos recursos hídricos abundantes na área — que garantiriam a geração de energia — e pela localização estratégica em relação a outros estados. “Há uma convergência de logística porque a ferrovia, além de viabilizar a mineração no Mato Grosso.
Nessa seara, a descoberta de depósitos minerais em terras mato-grossenses, anunciada em setembro, deve estimular ainda mais o empresariado a cobrar a instauração de um polo. Os depósitos minerais descobertos contêm, provavelmente, 11 bilhões de toneladas de ferro. Para se ter uma ideia da magnitude da reserva, a possibilidade é de que haja, ali, o triplo do encontrado em Carajás (PA), maior mina a ceú aberto do mundo. É certo também que o nível de pureza do minério de ferro encontrado no Pará (67%) é maior do que aquele encontrado na reserva de Mato Grosso (41%), mas se a tecnologia de exploração for implantada e se houver possibilidades de minerar, novas commodities chegarão, pelos trilhos, a Mato Grosso. E deverão ser aproveitadas.
Fonte:Cícero Henrique
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