O governo estadual promete que até o final de agosto anunciará as mudanças no sistema de incentivos a setores da economia, com medidas que deverão incluir redução de impostos para ramos como energia e segmentos considerados estratégicos como a indústria oceânica. O governador Tarso Genro, que prestigiou ontem a posse do presidente do Banrisul, Túlio Zamin, no comando da Associação e Sindicato dos Bancos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Asbancos), em Porto Alegre, condicionou qualquer alteração na matriz tributária a indicações pelos setores empresariais de alternativas.
Encontros já realizados entre entidades setoriais e a área da Fazenda estadual abordaram mudanças em alíquotas, que poderiam se elevar em algumas áreas ao lado de cortes em outras. "É justificável em alguns casos, mas se sai de um lado, tem de entrar de outro", preveniu o governador, referindo-se à arrecadação. Sobre as primeiras medidas na futura política industrial gaúcha, Tarso pontuou que haverá maior controle sobre os resultados das ações, principalmente para financiamentos e metas de geração de emprego. O prazo de um mês para liberar os atrativos foi decidido ontem pelo governador e o grupo de gestão da administração.
À plateia que compareceu à posse de Zamin, formada por dirigentes de bancos locais e de corretoras e instituições de investimento, Tarso defendeu que o setor precisa ser mais competente, voltando-se ao desenvolvimento. "Não para ganhar com a dívida pública", alfinetou o chefe do governo.
O presidente do banco estadual, que ficará à frente da Asbancos, avaliou que as medidas para reter maior crédito a consumidores estão surtindo efeito, o que afastaria necessidade de maior alta da taxa Selic. Mecanismos acionados desde o final de 2010 para reduzir prazos do consigando já teriam surtido resultado. "Já há movimentos de empresas revendo seus planos de negócios em função de nova demanda pelos produtos", assinalou Zamin em seu discurso de posse.
O dirigente, que prometeu um diálogo permanente com entidades financeiras dos dois estados, considerou as taxas mais elevadas de inadimplência, registradas no primeiro semestre no sistema bancário, como fator sazonal e dentro do controle das instituições. "Concordo que o governo tome medidas para evitar exageros, mas não há viés que gere preocupação", opinou o presidente do Banrisul. Na operação da instituição, ele confirmou que solicitou ao governador a reserva de mil vagas para chamar concursados. As contratações dependerão do aval de Tarso. O banco pretende reforçar as áreas de atendimento e abrir novos postos.
O diretor de crédito do Banrisul, Guilherme Cassel, que prepara a estratégia para a Expointer de 2011, adiantou que o banco pretende ser agressivo na busca de clientes e contratação de recursos, principalmente no segmento de agricultura familiar. "Vamos patrocinar o pavilhão do setor na feira e atuar forte no programa Mais Alimentos.
Queremos em três anos ser o maior agente de crédito rural do Estado", ambiciona Cassel, que dirigiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Hoje a carteira representa apenas 10% da liberação de recursos, enquanto o Banco do Brasil detém 70% do mercado.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)/Patrícia Comunello
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