O investimento do Brasil em infraestrutura é metade do necessário para sustentar o crescimento. Estudo inédito da consultoria Inter.B revela que, de 2001 a 2011, o volume de recursos destinado ao setor foi de apenas 2,15% do Produto Interno Bruto (PIB), bem abaixo da média considerada ideal para os países em desenvolvimento na América Latina, de 4% a 6%.
A ineficiência do governo em executar os projetos está entre as principais razões para o atraso nacional, um erro de percurso que pode estar começando a ser corrigido com a participação da iniciativa privada, como conclamou a presidente Dilma Rousseff ao anunciar, na última quarta-feira, a primeira etapa do Programa de Infraestrutura e Logística, já chamado informalmente de PAC Privado.
Coordenador do estudo, o economista Claudio Frischtak acredita que só a participação do setor privado é capaz de dobrar o percentual de investimentos, colocando o país em um nível satisfatório frente às nações em desenvolvimento.
"O Brasil precisa de um volume crescente de investimentos em infraestrutura e o Estado tem restrições para suprir essa carência, a começar pelo aspecto fiscal, já que o governo tem um limite de gastos. Outro ponto a considerar são as falhas do setor público na gestão dos investimentos, motivo pelo qual muitos projetos não saem do papel", elenca.
Sem uma participação ostensiva do setor privado, os investimentos despencaram. Desde a década de 70, a queda foi de 58% em relação ao PIB. Nos últimos dez anos, também houve redução: em 2001, o Brasil investia o equivalente a 3,15% em infraestrutura; no ano passado, o percentual caiu para 2,05%. As perspectivas para 2012 são pouco animadoras: a previsão de Frischtak é que fique abaixo de 2%.
O economista compara o Brasil a países dos Bric e da América do Sul para mostrar o quanto o Brasil está distante do modelo ideal. Em 2010, a China investiu o equivalente a 13,4% do PIB em infraestrutura; o Chile, 6,2%.
Já a Índia programa investir 6% ao ano no período entre 2013 e 2017. O estudo mostra as consequências dessa falta de investimento: o percentual de rodovias pavimentadas em 2008 no Brasil era de apenas 14,1%, frente a uma média mundial de 49,1%.
Mudança deve começar por agências reguladoras
Atrair o investimento privado é essencial para que o Brasil atinja um patamar satisfatório de investimentos em infraestrutura. Mas boa intenção não basta. Mudanças estruturais e estratégicas precisam ser feitas para que o país se aproxime do que o economista Claudio Frischtak chama de “crescimento decente”: algo em torno de 4% ao ano, no mínimo.
Uma das primeiras medidas é o aperfeiçoamento das agências reguladoras. “Elas precisam ser técnicas e politicamente isentas. Além disso, devem ser rigorosas quanto aos princípios de transparência”, diz o economista.
Fonte: A Gazeta
PUBLICIDADE