O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, disse hoje que o Brasil está "em um claro processo de desindustrialização". Em entrevista à imprensa dos indicadores do setor referentes a outubro, Aubert explicou que o faturamento das indústrias de bens de capital aumentou 11% no período de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2009, mas permanece 15% inferior ao verificado no mesmo período de 2008. De acordo com Aubert, alguns dos segmentos mais tradicionais do setor, como o bens sob encomenda e máquinas-ferramenta, registram faturamento de, respectivamente, 13% e 43,5% menores do que os registrado em 2008.
Esses segmentos, segundo ele, são os responsáveis pela produção de máquinas para investimentos de grandes empresas na área de petróleo, papel e celulose. "Os setores que estão bem são os que produzem máquinas para as indústrias de alimentos, bebidas, cimento e mineração", afirmou o presidente da Abimaq. "Isso mostra o processo crítico em que estamos e que reproduz aquilo que o Brasil vai ser no futuro", completou Aubert.
Para 2011, o empresário acredita que o setor deve registrar um crescimento entre 5% e 6%, acompanhando a expansão brasileira. Neste ano até outubro, o setor teve alta de 10,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. No mesmo período, o saldo da balança comercial do setor atingiu US$ 12,9 bilhões, sendo que a previsão é encerrar o ano em US$ 15 bilhões. Para o próximo ano, a Abimaq prevê um déficit entre US$ 18 bilhões e US$ 19 bilhões. Em outubro, o setor recuperou o nível de emprego que tinha em setembro de 2008, com 250 mil empregados.
De acordo com Aubert, porém, o faturamento ainda está 15% menor do que registrado naquele mês. Isso acontece, de acordo com ele, porque o Brasil está sofrendo uma "invasão" de máquinas importadas, o que obriga as empresas a diminuir o preço de suas máquinas no mercado interno. Dados da Abimaq mostram que, em setembro de 2008, o setor faturava R$ 35 mil ao mês por funcionário. No mês passado, faturou R$ 24.273, uma queda de 30,65% - em preços constantes. "Se não tivermos uma recuperação no faturamento até o primeiro semestre de 2011, vamos voltar a ouvir a história de que o setor está desempregando", disse.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)
PUBLICIDADE