O principal acionista da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch - que preside o conselho de administração e a diretoria executiva - mostrou aos investidores na sexta-feira que está preocupado com o endividamento da empresa - quase R$ 26 bilhões de dívida líquida que tem vencimentos pesados a partir de 2018. Disse que considera a venda de R$ 8 bilhões em ativos e se desfazer de uma parcela de 20% a 30% da mineradora de ferro Congonhas.
A busca de um sócio para a mineradora de ferro, na qual a CSN é dona de 87,5% do capital, só teve declaração oficial, pela primeira vez, na teleconferência com analistas e investidores na segunda-feira, pelo próprio Steinbruch, após a divulgação do balanço financeiro do terceiro trimestre.
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Antes, as operações à disposição na vitrine eram o terminal de contêineres Tecon Sepetiba, fatia excedente de ações MRS Logística, ações da Usiminas (17% do capital total) e participações em duas hidrelétricas, além da fabricante de latas de aço Metalic. "O pessoal diz que eu não gosto de vender ativo, e realmente não gosto, mas quebramos já essa premissa com a venda da Metalic", disse. A produtora de latas foi vendida por US$ 98 milhões recentemente.
No início do ano, a agência de classificação de risco Fitch acreditava que o projeto original de venda de ativos poderia render R$ 4 bilhões a R$ 6 bilhões à CSN. Agora, com a valorização do minério de ferro, trazer um parceiro para dividir o capital da Congonhas poderia gerar mais que isso à empresa.
A área de mineração, aliás, foi destaque tanto na teleconferência como no balanço. Pela forte rentabilidade como por ser o motivo da reapresentação de demonstrações contábeis de 2015 e do primeiro e segundo trimestres de 2016. Questionamentos da Securities and Exchange Commission (SEC), a reguladora do mercado de capitais nos EUA, fizeram a CSN mudar a interpretação de quando contabilizou a criação da Congonhas. Houve uma diferença após os ajustes de R$ 359,9 milhões no lucro da CSN.
Com bom desempenho no mercado de minério, a CSN vê mais potencial daqui para frente. Primeiro, porque a commodity já teve alta de 40%. Além disso, a empresa abandonou o método de pré-fixar preços durante o terceiro trimestre e agora está exposta ao mercado à vista - que tem contínua melhora. Daniel dos Santos, diretor da divisão, disse que espera vender cerca de 35,5 milhões de toneladas em 2017. Esse nível poderia atingir 37 milhões de toneladas em 2018 com alguns investimentos.
O negócio obteve o maior ganho de margem Ebitda no terceiro trimestre, saltando de 41,9% no período em 2015 para 45,8% neste ano e, dependendo desses fatores, poderia melhorar mais.
No geral, todas as operações trouxeram melhora no resultado, menos cimento. A siderurgia teve aumento na margem Ebitda de 14,1% para 19,3%. As vendas de aço somaram 1,2 milhão de toneladas, recuo de 1,6% em base anual, sendo 730 mil toneladas no mercado interno - alta de 6,4%. Luis Martinez, diretor comercial, disse que a CSN espera vender 6,2 milhões de toneladas em 2017 - 3,9 milhões dentro do Brasil. O J.P. Morgan, em relatório, considerou agressiva e projeta 5,2 milhões de toneladas.
A empresa fechou o trimestre com prejuízo líquido de R$ 106,6 milhões, 80% menor do que no mesmo período de 2015. A receita líquida subiu 13,6%, para R$ 4,47 bilhões, enquanto o Ebitda foi de R$ 1,12 bilhão, recuo de 24%.
Fonte: Valor