No setor de siderurgia e de mineração, parcerias existentes entre empresas do Japão e do Brasil possibilitaram trazer modernas tecnologias ao Brasil. A Nippon Steel lidera um consórcio de parceiros japoneses - maior acionista do bloco controlador da Usiminas -, desde sua fundação, na década de 1950. De lá para cá, não se viu outros investimentos japoneses tão significativos no setor. Dados do Instituto Aço Brasil mostram que, em relação aos produtos siderúrgicos, o Brasil ocupa a 63ª posição na quantidade de produtos exportados para o Japão, com 623 toneladas. Já em relação aos produtos siderúrgicos vindos Japão, o Brasil ocupa o 7º lugar, com 88.466 toneladas importadas.
"Não há registros de novas negociações nos últimos anos, envolvendo os dois países no segmento de siderurgia. Já no setor de autopeças e indústria automobilística, duas empresas japonesas estavam prospectando vir ao Brasil, mas, diante das turbulências do cenário político-econômico, frearam o projeto. Uma delas, que não teve o nome divulgado, suspendeu o processo de compra de uma empresa no Brasil neste ano", afirma o sócio do escritório Trench, Rossi e Watanabe, Alberto Mori, especialista em fusões e aquisições.
O acordo Lanari-Horikoshi, assinado em junho de 1957, estabeleceu a sociedade Nippon-Usiminas, com capital 60% brasileiro e 40% japonês. Até então, a companhia tinha o governo federal como o principal controlador. De lá para cá, a Nippon Steel & Sumitomo Metal (NSSMC) apoiou o crescimento da Usiminas no mercado brasileiro e internacional. A construção de unidades e novas linhas de produção, assim como a constante incorporação de inovações tecnológicas, permitiu que na década de 1970 a Usiminas aumentasse sua produção para 3,5 milhões de toneladas de aço por ano.
Em 1999 foi estabelecida a Unigal, joint venture entre a Usiminas e a NSSMC para produção de bobinas de aço galvanizados por imersão a quente, destinada à indústria automobilística, utilizando tecnologia de ponta. Em 2010, a empresa passou a produzir também chapas grossas especiais com a tecnologia Sincron, fruto de uma parceria tecnológica com a NSSMC, possibilitando a Usiminas tornar-se uma empresa com capacidade para produzir aços especiais para utilização na área de energia e naval.
"A principal contribuição da NSSMC para a qualidade dos produtos exportados pela Usiminas foi a disponibilização de modernas tecnologias, o que permitiu à siderúrgica brasileira se firmar no mercado nacional e internacional de forma competitiva e ter a qualidade de seus produtos reconhecida globalmente", informa NSSMC do Brasil, por intermédio de sua assessoria.
A NSSMC tem enviado inúmeros engenheiros para colaborar com a Usiminas em sua ampla gama operacional e tecnológica. Vários outros projetos e parcerias aproximaram companhias brasileiras e japonesas. Os frutos desta cooperação são hoje bastante evidentes, segundo a assessoria. A corrente de comércio exterior entre os dois países em 2014 totalizou US$ (FOB) 12,62 bilhões - resultante de exportações brasileiras de US$ (FOB) 6,7 bilhões e importações de US$ (FOB) 5,9 bilhões em 2014. O controle da Usiminas está com a Nippon, que detém 29,45% do capital votante, a Ternium/Tenaris, com 27,66%, e a Previdência Usiminas detém 6,75%.
Fonte: Valor Econômico/Adriana Aguilar | Para o Valor, de São Paulo
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