O processo é longo e o empresariado local costuma desistir nos primeiros obstáculos. Por isso o Plano Nacional de Cultura Exportadora (PNCE), lançado em Pernambuco na última terça-feira, promete “levar as empresas pela mão” para reverter o quadro de baixíssimo nível de exportações no Estado. A balança comercial pernambucana fechou 2014 com um déficit de R$ 6,3 bilhões.
O Estado tem o segundo maior PIB do Nordeste, mas conta com apenas 247 empresas exportadoras. Somadas, representam somente 5,8% das exportações nordestinas. Na região, quem lidera é a Bahia (58%), seguida do Maranhão (18%) e do Ceará (9%). Alagoas quase empata com Pernambuco.
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O desafio é ainda maior para o universo das pequenas e médias empresas. Em 2011, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) chegou a promover um programa específico, chamado Projeto Primeira Exportação, mas que não rendeu os frutos esperados. Agora o PNCE quer fazer diferente, sem deixar escapar o câmbio favorável às vendas além das fronteiras.
Fundada há 16 anos, a Prolev Alimentos Saudáveis tem hoje um mix de 100 produtos, gera 100 vagas de emprego, mas a indústria, em Abreu e Lima, na Mata Norte, nunca vendeu um item sequer para fora do País. A companhia chegou a participar do Projeto Primeira Exportação, porém, “na prática, apesar de ter ajudado, ele não foi efetivo em quebrar as barreiras”, diz o sócio e diretor comercial Ronei Oliveira, que toca o negócio em conjunto com Fernando Remígio.
Agora eles foram novamente selecionados para participar do PNCE e acreditam que o novo formato pode ser interessante, principalmente pelo formato e pelo fator positivo da cotação da moeda norte-americana. “Na época (em 2011), nós entramos no projeto, mas os resultados não foram tão interessantes por causa da burocracia necessária para exportar, principalmente de adequação à legislação, rótulos, embalagens. Desde aquela época, não avançamos”, conta Ronei. “Estamos adiantados em termo de processos, falta adaptação e apoio”, complementa.
Cada empresa em potencial tem seus pontos negativos e suas justificativas para não exportar ainda: burocracia, legislação, padronização, falta de verba, dificuldade em obter escala. Os gaps se mantêm, a burocracia continua, assim como as legislações internacionais, mas rígidas. O que o novo plano promete mudar é a maneira de encarar tudo isso.
O empresariado brasileiro, de modo geral – sobretudo o pernambucano – ainda não está consciente da importância da exportação, não enxerga a venda para o exterior como uma extensão natural do mercado interno e às vezes nem acredita que seu produto é exportável, comenta a gerente de comércio exterior da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Ivone Malaquias. Ela reconhece que a missão não é fácil, mas insiste que é preciso haver persistência. “Não adianta ter oferta se não há demanda”, avalia.
O Plano Nacional de Cultura Exportadora quer, num primeiro momento, exatamente mudar a mentalidade dos empresários locais. “O problema maior é que a maioria das empresas são muito focadas no mercado interno, estão na zona de conforto, não querem correr riscos, a falta de visão estratégica e a burocracia que eles enxergam no processo de exportação fazem com que eles não queiram pagar para ver”, pondera Ivone.
O programa é inteiramente gratuito, mas os empresários precisam antes avaliar o atual apetite de investimento. “O momento econômico atual dificulta esse tipo de investimento. É preciso ter cuidado em onde investir, principalmente quando o investimento for de curto prazo”, observa Ronei. Sobre esse aspecto, Ivone reforça que realmente é preciso haver o mínimo de investimento e aí o empresário precisa avaliar se este realmente é o seu melhor momento. “Você não pode ter omelete sem quebrar os ovos”, brinca.
Empresário deve planejar as etapas
Para quem nunca teve experiência na internacionalização, a sensibilização é o primeiro passo do que está se chamando, dentro do Plano Nacional de Cultura Exportadora (PNCE), de trilha da exportação. Depois vem a inteligência comercial, para identificar potenciais mercados. Em seguida, a adequação de produtos e processos aos mercados-alvo.
Na sequência, a promoção comercial, para promover produtos e serviços no mercado externo. E, só por último, a comercialização, com a venda efetiva e de forma continuada. De maneira transversal, financiamento, qualificação e gestão também compõem a trilha.
O que muda essencialmente em relação ao projeto de 2011, o Primeira Exportação, é a sinergia entre os diversos programas de exportação existentes, que, até então, estavam dispersos. Participam do PNCE instituições como Apex, Banco do Brasil, BNDES, Caixa, CNI, Correios, Inmetro, Sebrae, Senac, entre diversas outras.
A meta é dobrar o número de empresas exportadoras em um ano. Setores como calçados, confecções, cosméticos, gesso, saneantes e cachaça são apontados como de alto potencial de internacionalização. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) selecionou previamente alguns nomes no Estado, que já estão participando do projeto, a exemplo de Wave Grip, Tita Araújo, Kook Temperos do Mundo, Biologicus, Benzoquímica, além da Prolev.
Quem tiver interesse em conhece o PNCE e se inscrever para a seleção deve comparecer à Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), que fica na Av. Conselheiro Rosa e Silva, 347, Aflitos, Recife/PE, CEP 52020-220.
Lá o empresário preencherá uma ficha de informações e fará uma entrevista. Um comitê está responsável por avaliar os candidatos e analisar que tipo de ação é necessária para cada um deles.
É provável que muitos sejam recomendados a participar do Projeto Extensão Industrial Exportadora (Peiex), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), que mapeia os pontos fortes e fracos do negócio.
Uma ideia para pensar a logística
Um dos entraves para quem quer exportar é a maneira como mandar o produto para fora. Os Correios, por exemplo, possuem a facilidade do chamado Exporta Fácil, mas que só permite transportar até US$ 50 mil por remessa. Uma solução seria enviar os produtos através de contêineres. Mas é preciso uma carga grande para encher um e arcar com o alto custo. Além disso, muitas rotas não passam pelo portos pernambucanos (do Recife e Suape). É de olho nessa brecha que três jovens estão investindo no desenvolvimento de um sistema que permite unir empresários que querem exportar na tentativa de baratear o frete e barganhar rotas.
A pernambucana Lote Box surgiu como um projeto de startup em 2013. Em 2014, formalizou-se como empresa. Atualmente já é utilizada por mais de 300 companhias ao redor do mundo entregando sistemas que controlam toda a operação logística no transporte marítimo de carga, controlando todo o processo de venda e locação de espaço. Não entra como um player no mercado, mas como auxiliar.
É com essa expertise que a Lote Box quer agora “chamar para junto os exportadores”. “Estamos querendo chegar nesse perfil para potencializar a capacidade exportadora das empresas”, explica o sócio Luiz Gomes. A empresa também é formada pelos sócios Eduardo Carvalho, de Alagoas, e Luis Franco, de São Paulo. Os três moram no Recife.
Luiz explica como o sistema funcionará na prática: “Imagine que haja um produtor de sandálias de couro, outro de bordados e outro de bonecos de barro. Imagine que eles nem se conhecem e têm, cada um, uma capacidade produtiva diferente, mas todos querem exportar para a Europa. Nosso sistema pode captar todas essas informações para que um contêiner seja fechado e, assim, haja mais poder de barganhar um frete mais em conta e que seja rateado pelos três empresários. Além da possibilidade de o operador logístico ter em mãos um negócio mais atrativo para negociar novas rotas com os portos. Queremos entregar condições de previsibilidade de mercado de logística marítima, algo que não existe hoje no Estado de Pernambuco”, resume Luiz.
Pernambuco tem que exportar mais
O processo é longo e o empresariado local costuma desistir nos primeiros obstáculos. Por isso o Plano Nacional de Cultura Exportadora (PNCE), lançado em Pernambuco na última terça-feira, promete “levar as empresas pela mão” para reverter o quadro de baixíssimo nível de exportações no Estado. A balança comercial pernambucana fechou 2014 com um déficit de R$ 6,3 bilhões.
O Estado tem o segundo maior PIB do Nordeste, mas conta com apenas 247 empresas exportadoras. Somadas, representam somente 5,8% das exportações nordestinas. Na região, quem lidera é a Bahia (58%), seguida do Maranhão (18%) e do Ceará (9%). Alagoas quase empata com Pernambuco.
O desafio é ainda maior para o universo das pequenas e médias empresas. Em 2011, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) chegou a promover um programa específico, chamado Projeto Primeira Exportação, mas que não rendeu os frutos esperados. Agora o PNCE quer fazer diferente, sem deixar escapar o câmbio favorável às vendas além das fronteiras.
Fundada há 16 anos, a Prolev Alimentos Saudáveis tem hoje um mix de 100 produtos, gera 100 vagas de emprego, mas a indústria, em Abreu e Lima, na Mata Norte, nunca vendeu um item sequer para fora do País. A companhia chegou a participar do Projeto Primeira Exportação, porém, “na prática, apesar de ter ajudado, ele não foi efetivo em quebrar as barreiras”, diz o sócio e diretor comercial Ronei Oliveira, que toca o negócio em conjunto com Fernando Remígio.
Agora eles foram novamente selecionados para participar do PNCE e acreditam que o novo formato pode ser interessante, principalmente pelo formato e pelo fator positivo da cotação da moeda norte-americana. “Na época (em 2011), nós entramos no projeto, mas os resultados não foram tão interessantes por causa da burocracia necessária para exportar, principalmente de adequação à legislação, rótulos, embalagens. Desde aquela época, não avançamos”, conta Ronei. “Estamos adiantados em termo de processos, falta adaptação e apoio”, complementa.
Cada empresa em potencial tem seus pontos negativos e suas justificativas para não exportar ainda: burocracia, legislação, padronização, falta de verba, dificuldade em obter escala. Os gaps se mantêm, a burocracia continua, assim como as legislações internacionais, mas rígidas. O que o novo plano promete mudar é a maneira de encarar tudo isso.
O empresariado brasileiro, de modo geral – sobretudo o pernambucano – ainda não está consciente da importância da exportação, não enxerga a venda para o exterior como uma extensão natural do mercado interno e às vezes nem acredita que seu produto é exportável, comenta a gerente de comércio exterior da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Ivone Malaquias. Ela reconhece que a missão não é fácil, mas insiste que é preciso haver persistência. “Não adianta ter oferta se não há demanda”, avalia.
O Plano Nacional de Cultura Exportadora quer, num primeiro momento, exatamente mudar a mentalidade dos empresários locais. “O problema maior é que a maioria das empresas são muito focadas no mercado interno, estão na zona de conforto, não querem correr riscos, a falta de visão estratégica e a burocracia que eles enxergam no processo de exportação fazem com que eles não queiram pagar para ver”, pondera Ivone.
O programa é inteiramente gratuito, mas os empresários precisam antes avaliar o atual apetite de investimento. “O momento econômico atual dificulta esse tipo de investimento. É preciso ter cuidado em onde investir, principalmente quando o investimento for de curto prazo”, observa Ronei. Sobre esse aspecto, Ivone reforça que realmente é preciso haver o mínimo de investimento e aí o empresário precisa avaliar se este realmente é o seu melhor momento. “Você não pode ter omelete sem quebrar os ovos”, brinca.
Empresário deve planejar as etapas
Para quem nunca teve experiência na internacionalização, a sensibilização é o primeiro passo do que está se chamando, dentro do Plano Nacional de Cultura Exportadora (PNCE), de trilha da exportação. Depois vem a inteligência comercial, para identificar potenciais mercados. Em seguida, a adequação de produtos e processos aos mercados-alvo.
Na sequência, a promoção comercial, para promover produtos e serviços no mercado externo. E, só por último, a comercialização, com a venda efetiva e de forma continuada. De maneira transversal, financiamento, qualificação e gestão também compõem a trilha.
O que muda essencialmente em relação ao projeto de 2011, o Primeira Exportação, é a sinergia entre os diversos programas de exportação existentes, que, até então, estavam dispersos. Participam do PNCE instituições como Apex, Banco do Brasil, BNDES, Caixa, CNI, Correios, Inmetro, Sebrae, Senac, entre diversas outras.
A meta é dobrar o número de empresas exportadoras em um ano. Setores como calçados, confecções, cosméticos, gesso, saneantes e cachaça são apontados como de alto potencial de internacionalização. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) selecionou previamente alguns nomes no Estado, que já estão participando do projeto, a exemplo de Wave Grip, Tita Araújo, Kook Temperos do Mundo, Biologicus, Benzoquímica, além da Prolev.
Quem tiver interesse em conhece o PNCE e se inscrever para a seleção deve comparecer à Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), que fica na Av. Conselheiro Rosa e Silva, 347, Aflitos, Recife/PE, CEP 52020-220.
Lá o empresário preencherá uma ficha de informações e fará uma entrevista. Um comitê está responsável por avaliar os candidatos e analisar que tipo de ação é necessária para cada um deles.
É provável que muitos sejam recomendados a participar do Projeto Extensão Industrial Exportadora (Peiex), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), que mapeia os pontos fortes e fracos do negócio.
Uma ideia para pensar a logística
Um dos entraves para quem quer exportar é a maneira como mandar o produto para fora. Os Correios, por exemplo, possuem a facilidade do chamado Exporta Fácil, mas que só permite transportar até US$ 50 mil por remessa. Uma solução seria enviar os produtos através de contêineres. Mas é preciso uma carga grande para encher um e arcar com o alto custo. Além disso, muitas rotas não passam pelo portos pernambucanos (do Recife e Suape). É de olho nessa brecha que três jovens estão investindo no desenvolvimento de um sistema que permite unir empresários que querem exportar na tentativa de baratear o frete e barganhar rotas.
A pernambucana Lote Box surgiu como um projeto de startup em 2013. Em 2014, formalizou-se como empresa. Atualmente já é utilizada por mais de 300 companhias ao redor do mundo entregando sistemas que controlam toda a operação logística no transporte marítimo de carga, controlando todo o processo de venda e locação de espaço. Não entra como um player no mercado, mas como auxiliar.
É com essa expertise que a Lote Box quer agora “chamar para junto os exportadores”. “Estamos querendo chegar nesse perfil para potencializar a capacidade exportadora das empresas”, explica o sócio Luiz Gomes. A empresa também é formada pelos sócios Eduardo Carvalho, de Alagoas, e Luis Franco, de São Paulo. Os três moram no Recife.
Luiz explica como o sistema funcionará na prática: “Imagine que haja um produtor de sandálias de couro, outro de bordados e outro de bonecos de barro. Imagine que eles nem se conhecem e têm, cada um, uma capacidade produtiva diferente, mas todos querem exportar para a Europa. Nosso sistema pode captar todas essas informações para que um contêiner seja fechado e, assim, haja mais poder de barganhar um frete mais em conta e que seja rateado pelos três empresários. Além da possibilidade de o operador logístico ter em mãos um negócio mais atrativo para negociar novas rotas com os portos. Queremos entregar condições de previsibilidade de mercado de logística marítima, algo que não existe hoje no Estado de Pernambuco”, resume Luiz.
10 vantagens da exportação
1)Aumento da produtividade
O aumento da escala de produção é obtido pela utilização ca capacidade ociosa e/ou pelo aperfeiçoamento dos processos produtivos. Assim, a empresa pode diminuir os custos de fabricação, tornando-os mais competititvos;
2)Menor dependência do mercado interno com diversificação de mercados
Vender para fora dá mais segurança contra as oscilaões da demanda interna. Quanto mais mercados, menos depéndência. A empresa também pode se beneficiar da sazonalidade do produto, vendendo e exportando quando o mercado interno estiver em baixa;
3) Melhoria a qualidade do produto Exportar exige um nível elevado de qualificação na concepção, práticas ambientais, processos produtivos, gestão de pessoas, etc.
4)Aumento da capacidade inovadora
A exigência por maior qualidade e menor preço o que leva a empresa a buscar novos processos de fabricação, programas de qualidade, novos produtos etc.
5)Contato com novas tecnologias
Participação em feiras e eventos dá oportunidade de conhecer novas tecnologias na área do empresário, ampliando o benchmarking.
6)Diminuição da carga tributária
As exportações gozam de incentivos fiscais, conheça:
IPI e ICMS - não há incidência;
Cofins - são excluídas das bases de cálculo da contribuição;
PIS/PASEP - receitas de exportações são isentas;
IOF - alíquota zero para operações de câmbio vinculadas a exportações;
7)Importação de insumos e matérias-primas com suspensão de impostos
Pelo Regime Aduaneiro de Drawback, a empresa pode importar insumos com suspensão de tributos para o produto que será exportado.
8)Melhores condições para obtenção de recursos financeiros
Empresas exportadoras contam com diversas fontes de crédito bancário que financiam produção e comercialização com taxas de juros inferiores às praticadas no mercado interno.
9) Melhorias na empresa e na imagem no mercado
Inernamente há ganhos por adoção de novos padrões e tecnologias, agregação de valor, desenvolvimento de novos produtos, obtenção de certificações internacionais, fortalecimento da marca. Externamente já melhoria da imagem frente a clientes, fornecedores e concorrentes. A exportação atesta que os produtos são de qualidade internacional.
10)Disponibilidade de programas, ferramentas e serviços de apoio;
Fonte: Jornal do Commercio(PE)/Raíssa Ebrahim