Passando por dificuldades financeiras e vendo suas ações despencarem na bolsa, a Petrobras busca alternativas para colocar de pé dois de seus projetos mais ambiciosos: a refinaria Premium I, no Maranhão, e a Premium II, no Ceará. Segundo fontes ouvidas pelo Valor Econômico, a estatal estuda adotar um novo modelo de negócio, inédito no Brasil, que visa garantir a remuneração do capital aportado nas refinarias por investidores privados, sem que a estatal fosse, necessariamente, sócia do negócio.
Ainda conforme a fonte ouvida pela reportagem, a Petrobras já está conversando com várias empresas para colocar em prático o modelo, que daria ao investidor a garantia de compra dos combustíveis a preços internacionais. Dessa forma, o sócio evitaria o risco de utilizar recursos bilionários e, em seguida, arcar com prejuízos ao competir com a estatal, uma empresa integrada de petróleo com grande poder de fogo no mercado.
O modelo em estudo também prevê que o sócio pode apresentar seu próprio modelo de engenharia para o projeto. O vencedor seria o que tivesse o custo de construção mais barato.
Balanço adiado
A Petrobras adiou para 25 de fevereiro, após o fechamento do mercado, a divulgação do resultado oficial do quarto trimestre do ano passado. A estatal atualizou a informação em seu site de relações com investidores. A data proposta anteriormente para a apresentação do balanço era 14 de fevereiro.
Questionado ontem por jornalistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também é presidente do conselho de administração da estatal, disse que se trata apenas de uma questão técnica. "É só para que possamos ter mais tempo para ter os dados que vão ser apresentados na próxima reunião", afirmou.
As ações preferenciais da Petrobras recuaram cerca de 2% nesta quarta-feira, segundo dados preliminares, e foram importantes para a queda da Bovespa.
Através de sua assessoria de imprensa, a Petrobras disse que "não divulga investimentos por estado e por região", mas que os investimentos totais da empresa em 2013, até setembro, foram de R$ 69,2 bilhões, o que representam um crescimento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Licença de Instalação
No mês passado, a Semace informou que precisaria de um prazo de 30 a 45 dias para analisar a documentação apresentada pela Petrobras, que solicitou a expedição da Licença de Instalação (LI) do empreendimento.
Na próxima semana, a Assembleia Legislativa deve votar o Projeto de Lei que trata da doação de um terreno para os índios Anacés, que ganharão uma reserva.
Ações da estatal acumulam queda de 20%
Rio. Não houve um grande fato novo que, isolado, explique tamanho tombo em menos de sete semanas, mas as ações da Petrobras caíram quase 20% neste ano e chegaram, ontem, ao menor nível desde dezembro de 2008. O motivo está na intensificação de uma safra de más notícias já conhecidas pelo mercado e, o resultado, uma perda de cerca de R$ 40 bilhões em valor de mercado no período.
“Os papéis da companhia, por serem muito líquidos, tendem a sofrer mais com esse tipo de movimento”, disse o diretor chefe de investimentos do fundo Aberdeen para o Brasil, Nick Robinson, citando como principal fator a fuga de investidores estrangeiros de empresas de países emergentes. O fundo tem cerca de R$ 30 bilhões em investimentos em participações no Brasil. “Há um movimento contínuo de saída de emergentes nas últimas 12 semanas, mas não há grandes mudanças de avaliação da administração da Petrobras nos últimos seis meses”, pontua.
A política de não equiparar combustíveis aos preços internacionais, a alta do dólar, o ano de eleições, dúvidas sobre capacidade de investimento, a preocupação do impacto de um eventual reajuste de preços na inflação estão entre os motivos para o mau humor, segundo analistas. Nesta quarta também contribuiu para a queda o adiamento da divulgação dos resultados da companhia no quarto trimestre, que passou do dia 14 para o 25.
O ministro da Fazenda e presidente do conselho de administração da Petrobras, Guido Mantega, afirmou serem "absurdas" as especulações no mercado em torno do adiamento da apresentação dos dados financeiros. “É uma questão meramente técnica. É só isso”, afirmou.
A ação ordinária recuou 2,34%, a R$ 12,96, e chegou a R$ 12,74, cotação mínima do dia. A preferencial fechou com perdas de 1,85%, a R$ 13,83. O valor foi o menor desde fechamentos de dezembro de 2005.
A perda de valor de mercado da Petrobras é a maior entre as companhias abertas. Apenas o valor de mercado da estatal petrolífera passou de R$ 214,687 bilhões em 31 de dezembro para R$ 175,084 bilhões na terça.
Plano
Uma fonte da empresa informou que o conselho de administração pode apreciar, ainda neste mês, o plano de negócios quinquenal da empresa, para o período 2014-2018.
Candidatos a representante dos trabalhadores no conselho de administração da Petrobras, os petroleiros José Maria Rangel e Silvio Sinedino discordam veementemente sobre o papel que devem desempenhar no conselho, mas concordam nos motivos para a queda.
“É uma forma de pressão do mercado para ter reajustes de combustíveis”, afirmou Sinedino, em declaração quase idêntica a de José Maria Rangel.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
PUBLICIDADE