Diante da recente valorização do petróleo, a Petrobras vê espaço para aumentar o patamar de investimentos no novo planejamento estratégico 2022-2026, previsto para ser anunciado no fim deste mês. Ao mesmo tempo, depois de alcançar a esperada redução da dívida, a petroleira também espera que o novo plano de negócios se concentre em manter a alavancagem sob controle e em consolidar a companhia como uma grande pagadora de dividendos.
O atual plano de negócios 2021-2025 prevê investimentos de US$ 55 bilhões, com foco nas atividades de exploração e produção. Na sexta-feira, o diretor financeiro da estatal, Rodrigo Araújo, antecipou que espera “algum nível de investimento” para os próximos anos, mas que a companhia manterá o foco em ativos mais competitivos num cenário de baixa dos preços internacionais do petróleo.
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Companhia antecipou em mais de um ano o objetivo de reduzir o endividamento bruto para US$ 60 bilhões
“O ambiente de preços [do barril] mais favoráveis traz uma perspectiva mais positiva em termos de investimento. A gente tenta olhar para isso com uma lente mais de longo prazo. A gente não abandona, de forma alguma, o foco em resiliência, em ter projetos que sejam resilientes tanto ambientalmente, em termos de emissões, quanto a preços de petróleo mais desafiadores”, afirmou Araújo, em teleconferência com analistas.
Em relatório sobre o balanço da estatal no terceiro trimestre, o Credit Suisse destacou que, agora mais desalavancada, a petroleira terá que resistir à “tentação” de elevar gastos de capital e investir em projetos de menor retorno. “Os patamares de investimento podem aumentar, o que não é ruim, mas o risco é a alocação em projetos com retornos menores”, escreveram os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero.
Araújo lembrou que o atual plano de negócios da Petrobras estabelece, por exemplo, que qualquer projeto novo precisa se mostrar resistente, economicamente, a um petróleo a US$ 35 o barril, para ser aprovado. O executivo citou, ainda, que existem projetos que foram postergados e saíram do horizonte do plano quinquenal, mas que podem ser retomados.
Em agosto, o diretor de exploração e produção da Petrobras, Fernando Borges, havia antecipado que a estatal poderia acrescentar novas plataformas à carteira de projetos do novo plano de negócios. O atual planejamento estratégico prevê a entrada em operação de 13 novos FPSOs (plataformas flutuantes) entre 2021 e 2025. Borges citou que, entre as novas unidades que hoje estão fora do horizonte do plano de negócios e que podem ser acrescentadas à carteira estão o nono FPSO de Búzios, no pré-sal, e as plataformas do projeto de águas profundas de Sergipe e de desenvolvimento da descoberta de gás de Pão de Açúcar - operada pela Equinor na Bacia de Campos.
Ao comentar sobre as perspectivas do novo plano, Araújo disse ainda que ele terá como “guia” a manutenção do controle da dívida bruta, próxima aos US$ 60 bilhões, mas também o comprometimento com a nova política de dividendos.
A Petrobras encerrou o trimestre com dívida bruta de US$ 59,6 bilhões. Por isso, antecipou a meta de redução do endividamento para US$ 60 bilhões. Esse patamar funciona como gatilho para a nova política de dividendos. Na prática, significa que a petroleira tende a aumentar o valor pago aos acionistas nos próximos anos.
Araújo disse que, em cenários favoráveis, a Petrobras poderá até mesmo pagar dividendos superiores aos patamares estabelecidos na nova fórmula. “Nosso principal compromisso é seguir com os investimentos, seguir com a eficiência operacional e distribuir ao máximo nossos resultados”, afirmou.
Menos alavancada, a Petrobras já anunciou, desde agosto, a antecipação de US$ 12 bilhões em dividendos à União e investidores - 1,8 vez a mais que a soma de tudo o que ela pagou entre 2018 e 2020.
“São recursos que ajudam a sustentar políticas públicas para todos brasileiros e beneficiam principalmente os mais vulneráveis”, disse o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, ao defender a gestão focada na rentabilidade, diante de críticas de autoridades de que a estatal não tem cumprido seu “papel social” para reduzir os preços dos combustíveis.
Fonte: Valor