O preço do petróleo oscilou nesta segunda-feira (23) em meio à desconfiança dos investidores em relação ao ambiente geopolítico no Oriente Médio. Após operar em queda durante parte da sessão, a commodity fechou em alta pressionada pela baixa expectativa de que Estados Unidos e Arábia Saudita avancem em algum entendimento com o Irã, durante a Assembleia Geral da ONU, que começa oficialmente nesta terça (24) – os dois países acusam o governo iraniano de ter sido o responsável pelo ataque às instalações de processamento da petroleira saudita Aramco, no último dia 14.
Os contratos futuros para novembro do Brent, a referência global, fecharam em alta de 0,75%, a US$ 64,77, na ICE, em Londres. Em sincronia, o WTI, referência americana, encerrou a sessão de hoje com alta de 0,93%, a US$ 58,64 o barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex). Na semana passada, após o ataque à petroleira saudita, o Brent subiu mais de 7% e o WTI mais de 6%.
Na manhã desta segunda, os preços das duas referências caíram, depois da divulgação de dados econômicos negativos da zona do euro e da Alemanha. Os dados aumentam o receio de que uma desaceleração global termine em recessão na Europa, o que, consequentemente, reduziria a demanda por petróleo.
Também contribuiu para a queda dos preços da commidity, no período da manhã, a notícia de que o Irã libertou um petroleiro britânico, que havia sido apreendido no Golfo Pérsico em julho, em aparente resposta à apreensão de uma embarcação iraniana pela marinha britânica em Gibraltar.
“Claramente foi um sinal de boa vontade [do Irã] para cooperar e reduzir as tensões”, disse, à Dow Jones Newswires, o chefe do departamento de pesquisas da Marex Spectron, Georgi Slavov.
No entanto, acabou prevalecendo a impressão de que os líderes mundiais podem não obter nenhum resultado consistente durante a Assembleia Geral da ONU para afastar a possibilidade de um conflito no Oriente Médio, a principal região produtora de petróleo do mundo.
O fato de os EUA e a Arábia Saudita estarem acusando o Irã pelo ataque “é um sinal de uma política cuidadosamente gerenciada de criação de tensão e de liberação de tensão para atrair a atenção da comunidade internacional”, acrescentou Slavov, à Dow Jones Newswires.
Panos quentes
Hoje, o presidente da França, Emmanuel Macron, que vem tentando intermediar uma reunião entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e do Irã, Hassan Rouhani, admitiu que há sinais de participação de um “Estado” por trás do ataque às instalações petrolíferas da Arábia Saudita, somando-se às vozes da comunidade internacional que desacreditam a versão de que a ação teria sido planejada e realizada pelos rebeldes houthis, que lutam contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita na guerra civil do Iêmen.
Contudo, Macron disse que o ataque pode ter sido um “ponto de inflexão” e prometeu manter os esforços para ajudar a reduzir as tensões no Oriente Médio. "A França está tentando reunir propostas para evitar uma escalada", disse Macron, na sede da ONU, em Nova York, reiterando que qualquer modelo para futuras negociações deve ter como objetivo a manutenção de um sistema de monitoramento do atual programa nuclear do Irã.
Outro fato relacionado ao tema envolve uma matéria publicada, no fim de semana, pelo “Wall Street Journal”. Fontes do jornal americano disseram que a Arábia Saudita pode demorar mais tempo que o previsto para restaurar os danos provocados pelo ataque do dia 14.
Segundo o “WSJ”, a Aramco está em negociações de emergência com fabricantes de equipamentos e provedores de serviços e ofereceu pagar taxas especiais por peças e reparos. Segundo as autoridades sauditas ouvidas pelo jornal americano, os reparos podem levar muitos meses, ao invés de 10 semanas, como executivos da empresa prometeram anteriormente.
O governo saudita, no entanto, disse que a maior parte da produção afetada, de 5,7 milhões de barris por dia, já foi retomada e prometeu restaurar 100% da produção até o fim de setembro.
Fonte: Valor
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