Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,1% em 2018 e ficou 5,1% abaixo do patamar pré-crise, no setor de transportes o crescimento foi de 2,2% no mesmo período, mas o setor ainda ficou 6% abaixo do nível de antes da recessão. É o que aponta estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Segundo a entidade, o que explica esses números é o baixo dinamismo da economia, que reduz a demanda por serviços de transporte.
A pesquisa aponta que a demanda do setor caiu com força durante a crise, enquanto o crescimento, que voltou em 2017, não veio no mesmo ritmo. Citando a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a CNT aponta que a demanda por serviços de transporte caiu 6,1% em 2015 e 7,6% no ano seguinte. Depois, em 2017 e 2018, o crescimento foi de 2,3% e 1,2%, respectivamente.
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Em 2017, quando o crescimento foi maior, um dos destaques foi a supersafra agrícola, que, além de ajudar a puxar o PIB para cima, fez com que aumentasse a necessidade de serviços de transporte. Já o ano de 2018 foi impactado negativamente pela greve dos caminhoneiros, que começou ao final de maio e durou 21 dias, além da desaceleração da própria economia do país.
A expectativa para 2019 é que a recuperação do setor continue em ritmo lento. Segundo a CNT, enquanto o PIB brasileiro subiu 0,5% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo trimestre de 2018, o setor de transportes teve avanço de 0,2%. A estimativa para o ano todo é de expansão de 1%.
Demanda baixa nas estradas
A pesquisa revela que a situação do transporte rodoviário é de menor fluxo de veículos pesados, como caminhões, na comparação com o nível pré-crise, embora tenha voltado a crescer.
Segundo a CNT, nos primeiros três meses do ano o fluxo teve alta de 2,7% na comparação anual. Mas, após dois anos e três meses de recuperação econômica no Brasil, o movimento de veículos pesados ainda está 8,8% abaixo do patamar pré-recessão, registrado em março de 2014.
Além da demanda menor por serviços de transporte de cargas, o desemprego também ajuda a explicar esse cenário. Isso porque os números do transporte rodoviário também incluem transporte de passageiros – não apenas para lazer, mas também no trajeto de casa para o trabalho.
Transporte ferroviário e o efeito Brumadinho
O segmento do transporte sobre trilhos, que é fortemente influenciado pelo desempenho da produção de minério de ferro, havia sofrido pouco os efeitos da crise, segundo a pesquisa da CNT. Mas, com a paralisação da produção em minas da Vale após o desastre em Brumadinho, no começo de 2019, a operação ferroviária brasileira foi impactada.
Nos primeiros três meses do ano, o desempenho do setor de transporte sobre trilhos no Brasil teve queda de 3% no total de Toneladas úteis (TU) transportadas – o maior recuo desde a crise internacional de 2009. Essa queda foi puxada pelo tombo de 7,3% na quantidade de minério transportada.
Navios e aviões
Segundo a pesquisa, no primeiro bimestre de 2019 o transporte aquaviário de cabotagem (navegação entre portos de um mesmo país, sem perder a costa de vista) cresceu 1,8% na comparação anual. Já na navegação do tipo interior, por hidrovias, cresceu 2,9%. O menor crescimento, de 0,8%, foi da navegação de longo curso, usada no transporte de cargas em navios para outros países.
O levantamento também indica que a demanda e a oferta do transporte aéreo de empresas brasileiras aumentaram no começo e 2019. No primeiro bimestre, a receita nominal do segmento apresentou crescimento acumulado de 10,8%, resultante da alta de 15,0% em janeiro e de 5,4% em fevereiro, na comparação com igual mês do ano anterior.
Fonte: G1