Fala-se muito em golpismo e de ação da centro-direita para destronar a presidente constitucionalmente eleita Dilma Rousseff. Mas a verdade é que o governo tem dados motivos, noite e dia, para seus desafetos protestarem. É o caso do Plano Nacional de Exportações. Quanto tomou posse, no dia 7 de janeiro, na pasta de Indústria e Comércio, Armando Monteiro anunciou o projeto, destinado a “estimular as exportações”, esclarecendo que seria arrojado e em sua elaboração participaria o setor privado. Na primeira reunião do governo, à frente de 39 ministros, no fim de janeiro, Dilma confirmou tudo. Declarou que o Plano Nacional de Exportações, destinado a estimular o comércio externo brasileiro, seria baseado na ampliação da competitividade: “O foco da política industrial brasileira será o aumento da pauta e dos destinos das exportações”.
Na realidade, ocorre o contrário. O governo cortou as desonerações sobre a folha de pagamentos, o que, segundo 100% das entidades empresariais, eleva o Custo Brasil – também na exportação. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) tinha acabado de pedir ao governo a manutenção do índice de 3% do Reintegra – sistema de apoio a venda de manufaturados – quando o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou corte no programa, limitando-o a 1/3 do potencial vigente. Outro ativo, o Proex, também está na mira da Fazenda. No ano passado, de R$ 1 bilhão, só foram liberados 30%. Para este ano, as perspectivas do Proex são piores.
Some-se a isso aumentos nos combustíveis, energia elétrica e taxa de juros, e pode-se concluir que o Plano Nacional de Exportações já nasce condenado ao fracasso. Se há um fator que ajuda a exportação, é a queda do real, que não decorre de ação do governo, mas de um fato negativo, que é perda de confiança no país e em sua moeda.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barrreto Motta
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