A anglo-australiana BHP Billiton anunciou a criação, em 2012, de uma plataforma online para vendas à vista do minério de ferro
15 de outubro de 2011 | 0h 00
RIO - Com a crise internacional batendo forte à porta, as grandes mineradoras já começam a ceder às pressões do setor siderúrgico chinês para adotar um sistema de negociação de preços de curto prazo. A anglo-australiana BHP Billiton saiu na frente e anunciou a criação, até 2012, de uma plataforma online para as vendas de minério de ferro.
A Vale também acena nessa direção. A mineradora já estaria oferecendo aos clientes chineses a opção de pagar pelo minério de ferro no quarto trimestre preços próximos às cotações no mercado à vista. "Os clientes estão muito agitados na China. Se os fornecedores migrarem para uma precificação à vista, a Vale vai acompanhar; não vai dar o primeiro tiro, mas, também não vai nadar contra a corrente", afirmou um executivo do setor.
O que vem deixando os clientes "inquietos" é a atual trajetória declinante de preço do insumo, que atingiu ontem o menor patamar em onze meses no mercado spot (à vista) chinês, cotado a US$ 157 por tonelada. Os clientes chineses já deixaram clara sua insatisfação em continuar amarrados em contratos trimestrais, que podem encarecer o valor do produto atualmente em cerca de US$ 15 por tonelada.
Respaldo
A pressão chinesa encontra eco forte entre as grandes mineradoras. Só a Vale destina 41,9% de suas vendas de minério de ferro e pelotas para o país asiático. Em 2010, as produtoras de aço chinesas importaram mais de 600 milhões de toneladas, e a expectativa para este ano gira em torno de 670 milhões de toneladas de minério.
Segundo o executivo-chefe da divisão de ferrosos e carvão da BHP Billiton, Marcus Randolph, a plataforma de negociação online será chamada de Minério Global. O sistema funcionará como uma espécie de bolsa eletrônica de valores, onde os preços vão aparecer em uma tela. Com isso, a companhia espera oferecer aos clientes uma formação de preços mais transparente do que a fornecida pelos provedores de índices, como o Platts.
A BHP informou que o sistema permitirá que os consumidores e produtores de minério possuam uma plataforma própria de negociação. As instituições financeiras também poderão participar.
Atualmente, a BHP vende mais de 50% de seu minério de ferro em bases mensais. Segundo ele, apenas 15% das vendas mundiais do insumo são feitas hoje em contratos mais longos do que trimestrais. De acordo com o executivo, a China está desejando se engajar em negociações de preços de curto prazo mais do que o Japão, que tem uma proporção mais alta de demanda de aço por montadoras, que preferem contratos anuais.
O vice-presidente e diretor comercial da ArcelorMittal, Simon Wandke, concorda com Randolph de que há potencial para um mercado de derivativos de minério de ferro mais transparente e com mais liquidez.
Mas não está certo se as siderúrgicas adotarão esse instrumento de precificação, dado o nível baixo de liquidez e também o fato de nem todas as variedades de teores e tipos de minérios estarem cotadas para negociação.
(Fonte: Mônica Ciarelli, de O Estado de S. Paulo/Com agências Internacionais)
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