WASHINGTON - Os preços das commodities caíram 28% desde setembro de 2014, principalmente devido a uma queda de 38% nos preços da energia elétrica. Boa parte desse declínio é resultado de uma diminuição de 43% nos preços do petróleo. A conclusão é do relatório Panorama Econômico Mundial, que foi divulgado nesta terça-feira, em Washington, onde ocorre a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com o documento, o gás natural e o carvão tiveram queda menos acentuada em parte porque os contratos são indexados com atraso aos de óleo combustível. Mas mesmo as commodities não combustíveis sofreram queda, com destaque para 15% no caso dos metais e 6% para as agrícolas.
O crescimento do consumo de óleo combustível no mundo desaselerou-se significativamente durante 2014, para cerca de 0,7 milhão de barris por dia, a metade do crescimento registrado em 2012 e 2013. No entanto, o FMI aponta que os preços dos contratos de óleo combustível devem subir no futuro. A média anual dos preços do barril de petróleo deve passar de US$ 58,10, em 2015, para US$ 65,70, em 2016, e US$ 69,20, em 2017. Essas elevações refletem as percepções do mercado de que o crescimento da produção vai desacelerar e que a queda nos preços vivida atualmente deve desincentivar investimentos no setor.
Porém, a produção não deve cair significativamente no curto prazo. “Historicamente, episódios de queda nos preços do petróleo e sucessivamente nos investimentos no setor não são seguidos imediatamente por um declínio na produção”, diz o Fundo. O relatório informa que essa resposta no lado da produção sofre atrasos por causa da longa gestação envolvendo a transformação de investimentos em produção. Os produtores com capacidade instalada devem manter as suas atividades, mas o investimento para a descoberta de novos campos deve cair.
O FMI apresentou ainda projeções indicando que a queda nos preços do petróleo deve ter impacto menor na produção de óleo de xisto nos Estados Unidos do que na exploração em águas profundas e na produção em poços “especialmente no Brasil, no Canadá e no Reino Unido”.
No caso dos metais, o Fundo aponta que a desaceleração do crescimento chinês, notadamente na área de construção, é uma das principais razões para a queda de 15% nos preços. A China adquire 47% dos metais produzidos no mundo. O relatório aponta diminuição, em média, de 17% nos preços neste ano. A maior queda nos preços dos metais, em 2015, deverá ser registrada no mercado de aços, no qual houve forte incremento na capacidade de produção em dois países, segundo o FMI: Brasil e Austrália.
Na agricultura, os preços dos alimentos caíram 7% se comparados com setembro de 2014, com declínios nos principais produtos, com exceção de frutos do mar, que tiveram leve alta. Na comparação com 2011, a queda dos alimentos é de 23%.
O FMI prevê uma diminuição de 16% nos preços dos alimentos para esse ano e de 3% para 2016, quando se espera um aperfeiçoamento nas condições de abastecimento de várias commodities. O Fundo aponta quedas nos valores de cereais, trigo e soja.
Na parte em que trata da diminuição nos preços dos alimentos, o relatório diz que deficiências de abastecimento relacionadas com o clima no Brasil foram responsáveis pelo aumento de preços do café arábica.
Fonte: Valor Econômico/Juliano Basile
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