O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou hoje que acha “muito importante ter metas realistas” de emissão de gases de efeito estufa para as distribuidoras, conforme está previsto no projeto do RenovaBio.
“A pior coisa que poderia acontecer é a definição de metas irrealistas como direcionadoras do setor privado”, sustentou o executivo a jornalistas após apresentação no Ethanol Summit, em São Paulo.
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Segundo Parente, “mesmo utilizando metas realistas, o que se observa é um crescimento muito grande da previsão de consumo de biocombustíveis na matriz energética”.
A previsão da Petrobras é que o etanol pode passar a ocupar uma participação entre 40% e 60% na matriz energética em 2040, ante 38% registrado em 2015. Neste cenário projetado pela estatal, Parente avalia que “as condições para o crescimento do setor estão dadas”.
“Preocupa, como chegou a acontecer, que pudesse se fazer previsões que não encontram respaldo naquilo que a gente enxerga ou que organismos que fazem pesquisa enxergam para o Brasil”, afirmou. Parente também defendeu que o programa RenovaBio precisa ser compatibilizado com o programa Combustível Brasil, voltado à promoção do setor de refino de combustíveis.
O presidente da estatal também afirmou que acharia “correto” uma decisão do governo pela implementação de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) “verde”, que recaia sobre a gasolina para compensar a maior pegada de carbono em relação ao etanol.
“Existem discussões sobre mecanismos de compensação ou reconhecimento das vantagens ambientais da produção de etanol e do consumo de etanol para o meio ambiente. Achamos que é estudo que vale a pena prosseguir”, afirmou Parente. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, já havia defendido a proposta em detrimento de uma taxação da importação de etanol.
A Petrobras saiu da maior parte da participação que tinha em negócios de etanol no ano passado, ao vender sua participação na Guarani para a então sócia Tereos e trocar sua participação na Nova Fronteira Bioenergia pela então sócia São Martinho. O movimento seguiu a diretriz da companhia em sair de qualquer setor que não fosse óleo e gás como forma de se focar na redução de seu endividamento.
Segundo Parente, durante estes cinco anos em que ficará focada em óleo e gás, a Petrobras também buscará desenvolver estudos de “novas tecnologias”. Após esses cinco anos, e “à luz do que mostrarem esses estudos, aí empresa decidirá o que vai fazer em relação a isso”, afirmou.
Durante apresentação para o setor de etanol, ele disse que a estatal ampliará “competências em energias renováveis para permitir retorno a essas atividades em bases competitivas no médio e longo prazo”, mas ressaltou que a empresa continuará com “trajetória prudente e sustentável, com visão de longo prazo na área financeira”. “Continuaremos a ser companhia integrada, com crescente participação em energias renováveis”, assegurou.
Fonte: Valor